ATA DA DÉCIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 25.03.1996.
Aos vinte e cinco dias do
mês de março do ano de mil novecentos e noventa e seis reuniu-se, na Sala de
Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às
quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto
Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clênia Maranhão, Clovis
Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães,
Fernando Záchia, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Isaac
Ainhorn, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Valdir, Lauro
Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton
Zuanazzi, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Raul
Carrion, Wilton Araújo. Constatada a existência de "quorum", o Senhor
Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas
em avulsos cópias da Ata da Décima Terceira Sessão Ordinária. À MESA foram
encaminhados: pela Vereadora Helena Bonumá, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº
124/95 (Processo nº 2334/95); pelo Vereador Luiz Negrinho, 01 Pedido de
Providências; pelo Vereador Pedro Américo Leal, Emenda nº 02 ao Projeto de Lei do
Legislativo nº 81/95 (Processo nº 1801/95). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios
nºs, 104 e 105/96, do Senhor Prefeito Municipal. A seguir, o Senhor Presidente
apregoou Licença para Tratamento de Saúde do Vereador Reginaldo Pujol do dia
vinte e cinco ao dia vinte e sete de março do corrente ano, dando posse ao
Suplente Antônio Carlos Pereira de Souza, que adotou o nome parlamentar
"Pereira de Souza", apresentando declaração de bens, prestando
compromisso e sendo diplomado. Também, Sua Excelência foi informado de que
integrará a Comissão de Constituição e Justiça. Na oportunidade, o Senhor
Presidente apregoou Ofício do Suplente Carlos Machado informando sua
impossibilidade de assumir a Vereança. A seguir, nos termos do § 7º do artigo
12, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador Pereira de Souza, que
saudou os membros da Casa, dizendo de sua alegria em integrá-la e tecendo
considerações sobre o projeto que trata do Centro 24 Horas. Em continuidade,
foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Raul Carrion solicitando seja
alterada a ordem dos trabalhos da presente Sessão, passando-se de imediato ao
Grande Expediente, hoje destinado a homenagear o Partido Comunista do Brasil -
PC do B - pela passagem de seu aniversário, nos termos do Requerimento nº 19/96
(Processo nº 457/96), de autoria do Vereador Raul Carrion e aprovado pelo
Plenário. Compuseram a Mesa: o Vereador Isaac Ainhorn, Presidente da Casa, o
Desembargador Délio Wedy, representante do Tribunal de Justiça do Estado, o
Senhor César Alvarez, representando o Senhor Prefeito Municipal, a Deputada
Estadual do PC do B, Jussara Cony, o Senhor Adalberto Frasson, Presidente
Estadual do PC do B, o Senhor David Fialkow Sobrinho, Presidente Municipal do
PC do B, o ex-Vereador Eloy Martins e o Deputado Federal Lindberg Faria. Como
extensão da Mesa foram nominados diversas lideranças dos movimentos estudantil,
sindical e de moradores, bem como membros do Partido Socialista dos
Trabalhadores Unificado - PSTU. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Raul Carrion
historiou sobre as origens do PC do B, dizendo das metas de seu partido na
conjuntura nacional e internacional. O Vereador Clovis Ilgenfritz saudou o PC
do B pelo transcurso de seu aniversário, registrando a unidade do PT com esse
partido no campo democrático. O Vereador Jocelin Azambuja discorreu sobre as
dificuldades históricas que tanto o PC do B quanto o PTB tiveram de enfrentar,
comentando, também, sobre a contribuição dos partidos políticos para o
desenvolvimento social e econômico do País. O Vereador Airto Ferronato, falando
também em nome da Bancada do PST, reportou-se à importância do PC do B para a
história de nosso País. O Vereador Nereu D'Ávila saudou o PC do B pelo seu
aniversário, lembrando a luta de todos os setores da esquerda pela reconquista
da institucionalidade democrática. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Lauro
Hagemann, saudando os membros do PC do B, rememorou a revolução socialista de
outubro de mil novecentos e dezessete na Rússia e discorreu sobre a necessidade
de unidade dos setores comprometidos com a construção de uma sociedade sem
classes. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor
Adalberto Frasson, Presidente Estadual do PC do B, que agradeceu a presente
homenagem. A seguir, foi aprovado Requerimento do Vereador Henrique Fontana
solicitando Licença para Tratamento de Interesses na data de hoje, dando posse,
o Senhor Presidente, ao Suplente Gérson Almeida e informando que Sua Excelência
integrará a Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Às quinze horas e vinte e seis
minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às
quinze horas e trinta e quatro minutos, constatada a existência de
"quorum". Na ocasião, o Vereador Antonio Hohlfeldt formulou Questão
de Ordem sobre o teor do Processo nº 494/96, distribuído em avulsos aos
Senhores Vereadores, ao que o Senhor Presidente determinou que a Diretoria
Legislativa examinasse a questão a partir dos apanhados taquigráficos. A
seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA.
Em Verificação de Votação solicitada pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, foi
aprovado, por quinze Votos SIM, sete Votos NÃO e duas ABSTENÇÕES, o Parecer da
Comissão de Constituição e Justiça nº 46/96, votando Sim os Vereadores Airto
Ferronato, Clovis Ilgenfritz, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Fernando Záchia,
Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, João Dib, João Motta, João Verle, José
Valdir, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Raul Carrion, Gérson Almeida, Não os
Vereadores Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Dilamar Machado, Edi Morelli,
Jocelin Azambuja, Nereu D'Ávila, Wilton Araújo, e optando pela Abstenção os
Vereadores Luiz Negrinho e Pereira de Souza. A seguir, o Senhor Presidente
deferiu Requerimento do Vereador Edi Morelli solicitando seja retirado de
tramitação o Projeto de Lei do Legislativo nº 18/96, de sua autoria. Na
ocasião, foi aprovado Requerimento da Vereadora Clênia Maranhão solicitando
seja votado em desta - que a Emenda nº 04 ao Projeto de Lei do Executivo nº
51/95, Vetado Parcialmente. Na oportunidade, o Vereador João Verle formulou
Questão de Ordem acerca da possibilidade de Veto à Emendas. A seguir, o Senhor
Presidente respondeu Questão de Ordem do Vereador Antonio Hohlfeldt acerca do
Processo nº 494/96 , tendo, logo após, o Vereador Nereu D'Ávila formulado
Requerimento para oitava da Procuradoria da Casa sobre este mesmo Projeto. Em
Discussão Geral e Votação Nominal, foi discutido pelos Vereadores João Verle,
Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Wilton Araújo, Luiz Braz e João Dib o Veto
Parcial ao Projeto de Lei do Executivo nº 51/95, e, a seguir, foi encaminhado à
votação pelos Vereadores Clênia Maranhão, João Verle, Luiz Braz, João Dib e
Antonio Hohlfeldt, o Destaque da Emenda nº 04 ao Projeto de Lei Executivo nº
51/95, que, por dezenove Votos SIM e onze Votos NÃO, foi considerada aprovada,
considerando-se rejeitado o Veto a ela aposto, votando Sim os Vereadores
Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clênia Maranhão, Dilamar Machado, Edi
Morelli, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Dib, Jocelin Azambuja, Luiz Braz,
Luiz Negrinho, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro
Américo Leal, Raul Carrion, Wilton Araújo e Pereira de Souza, Não os Vereadores
Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena
Bonumá, João Motta, João Verle, José Valdir, Lauro Hagemann, Maria do Rosário,
Gerson Almeida. A seguir, foram submetidos à votação nominal os artigos 7º e 8º
do Projeto de Lei do Executivo nº 51/95, que, por dezessete Votos SIM e treze
Votos NÃO, foram aprovados, considerando-se rejeitado o Veto Parcial e eles
aposto, votando Sim os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clênia
Maranhão, Dilamar Machado, Edi Morelli, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, Jocelin
Azambuja, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu
D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Wilton Araújo, Pereira de Souza,
votando Não, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Giovani Gregol, Guilherme
Barbosa, Helena Bonumá, João Dib, João Motta, João Verle, José Valdir, Lauro
Hagemann, Maria do Rosário, Raul Carrion, Gerson Almeida. Na votação supra os
Vereadores da Bancada do PTB votaram com Declaração de Voto. Em Discussão Geral
e Votação Nominal, após ser discutido pelos Vereadores José Valdir e Clênia
Maranhão, foi rejeitado o Projeto de Lei do Executivo nº 55/95, considerando-se
mantido o Veto Parcial e ele aposto por treze votos SIM, quatro Votos NÃO e uma
ABSTENÇÃO, votando Sim os Vereadores Airto Ferronato, Isaac Ainhorn, Pedro
Américo Leal, Pereira de Souza, votando Não os Vereadores Clovis Ilgenfritz,
Décio Schauren, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, João Motta,
João Verle, José Valdir, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Milton Zuanazzi,
Raul Carrion, Gerson Almeida, e optando pela Abstenção o Vereador Luiz Negrinho.
A seguir, foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Guilherme Barbosa
solicitando a votação imediata dos Requerimentos encaminhados à Mesa. Na
ocasião, os Vereadores Antonio Hohlfeldt e Elói Guimarães formularam Questões
de Ordem sobre o prazo legal para o envio à Redação Final do Projeto de Lei do
Executivo nº 08/96. Em votação nominal solicitada pelo Senhor Presidente, foi
rejeitado, por cinco Votos SIM e dezoito Votos NÃO, Requerimento do Vereador
Antonio Hohlfeldt solicitando seja renovada a votação do Projeto de Lei do
Executivo nº 08/96, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Antonio
Hohlfeldt e Guilherme Barbosa, votando Sim os Vereadores Antonio Hohlfeldt,
Dilamar Machado, Edi Morelli, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, votando Não, Airto
Ferronato, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Elói Guimarães, Giovani Gregol,
Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, João Motta, João Verle, José Valdir, Lauro
Hagemann, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Milton Zuanazzi, Paulo Brum, Raul
Carrion, Gerson Almeida e Pereira de Souza, tendo os Vereadores Elói Guimarães
e Milton Zuanazzi votado com Declaração de Voto. Em prosseguimento, o Vereador
Antonio Hohlfeldt formulou Requerimento verbal, solicitando cópia do Projeto de
Lei do Legislativo nº 08/96, bem como os apanhados taquigráficos da Sessão
anterior, onde foi levantada a Questão de Ordem acerca deste Projeto. Em
verificação de votação solicitada pelo Vereador Clovis Ilgenfritz, foi aprovado
por doze Votos SIM, dez votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, onde votou Sim o Senhor Presidente
- o Requerimento nº 59/96 (Processo nº 794/96), do Vereador Wilton Araújo,
solicitando seja convocado o Secretário Municipal dos Transportes para prestar
esclarecimentos sobre os constantes engarrafamentos no trânsito da Cidade,
votando Sim os Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella,
Dilamar Machado, Edi Morelli, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D'Ávila,
Pedro Américo Leal, Wilton Araújo, Pereira de Souza e Isaac Ainhorn, votando
Não, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, João
Motta, João Verle, José Valdir, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Gerson
Almeida, optando pela Abstenção, Raul Carrion, considerando-se prejudicado o
Requerimento nº 62/96 (Processo nº 803/96), do Vereador Décio Schauren, solicitando
sejam convidados a virem a esta Casa o Secretário Municipal dos Transportes e o
Reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul para
esclarecerem sobre o trânsito e o estacionamento na Avenida Ipiranga. Sobre
esta prejudicialidade, formularam Questões de Ordem os Vereadores Décio
Schauren, Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt e João Motta. Às dezoito horas e
vinte e três minutos, constatada a inexistência de "quorum", o Senhor
Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores
para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Fernando Záchia,
Luiz Negrinho e Mário Fraga e secretariados pelos Vereadores Fernando Záchia,
Luiz Negrinho, Mário Fraga e Edi Morelli, estes dois últimos como Secretários
"ad hoc". Do que eu, Fernando Záchia, 1º Secretário, determinei fosse
lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): O Ver. Reginaldo Pujol
solicita licença para tratamento de saúde no período de 25 a 27 de março,
inclusive.
A Mesa apregoa
Ofício do Suplente Carlos Machado, informando de sua impossibilidade de assumir
a Vereança.
Esta
Presidência, já que o Suplente Carlos Machado está impossibilitado de assumir,
convoca o 2º Suplente, Antônio Carlos Pereira de Souza. O nobre Suplente usará
o nome parlamentar de Pereira de Souza e já entregou a esta Presidência a
declaração de seus bens e valores, bem como o Diploma firmado pelo Presidente
da Junta Eleitoral, o qual lhe foi conferido pelo Tribunal Regional Eleitoral,
referente às eleições municipais de 1992. Declaramos empossado o Suplente. S.
Exa. passará a integrar a Comissão de Constituição e Justiça desta Casa.
Nobre Vereador,
se. V. Exa. assim o desejar, a Mesa defere um tempo para a sua manifestação.
O SR. PEREIRA DE SOUZA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Presidente da Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul, que
veio nos prestigiar, Dr. Sérgio Bottini, amigos, Senhoras e Senhores, é com
muita satisfação que hoje assumo a suplência do digno Ver. Reginaldo Pujol,
além de ser uma honra para mim estar aqui no convívio de amigos, pois quase
todos os presentes nesta Casa são meus amigos e colegas, como o Dib, o Barbosa.
Está faltando o Clovis, que tanto tempo militamos juntos na vida cotidiana, mas
não política, a política classista, que tantos anos fizemos, não é Barbosa?
Claro, às vezes, em fronteiras diversas, mas sempre no sentido maior,
democrático, do crescimento de nossas profissões liberais. Eu, aqui presente,
sinto-me com uma responsabilidade muito grande, embora por tempo efêmero, por
substituir o Ver. Reginaldo Pujol, com a sua capacidade, com a sua experiência
e com o seu tirocínio.
Eu gostaria de
registrar, Sr. Presidente, aproveitando a oportunidade que me concede esta Casa
de vir à tribuna, e salientar um projeto muito importante que a Sociedade de
Engenharia do Rio Grande do Sul lançou, com o apoio do Instituto de Arquitetos
- o IAB - , com a sociedade e com o Sindicato dos Lojistas, que é o Centro 24
Horas, para o qual, de antemão, peço o apoio desta Casa, pois isso é revigorar,
recuperar, é trazer de novo a tradição do Centro de Porto Alegre. O Centro 24
Horas será compreendido pela Andrade Neves, pala Acelino de Carvalho, pela
Borges de Medeiros e pela Rua dos Andradas, a nossa querida Rua da Praia.
Recordo-me, e
aqueles mais antigos - cito o Dib, porque conheci antes mesmo de ele entrar
para a Engenharia -, que íamos para a Rua da Praia, aos domingos à tarde, para
flertar, e encontrávamos um ambiente sadio, no qual nos sentíamos seguros.
Hoje temos um
centro pelo qual temos até receio de passar, principalmente depois de
determinado horário. O Projeto Centro 24 Horas, que em boa hora foi lançado
pela Sociedade de Engenharia sob a liderança e competência de seu Presidente -
Sérgio Bottini - tenta recuperar o Centro à sociedade porto-alegrense, e isso é
muito importante para nós, e para o qual, de antemão, peço o apoio desta Casa.
No mais, quero
agradecer a todos, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que aqui me acolheram como
amigo, como colega, como um filho pródigo. Isso eu agradeço de todo o coração e
tenho certeza de que onde eu estiver, no futuro, levarei com carinho essa
recepção que hoje tive aqui. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa, mais uma vez, quer desejar ao Ver.
Pereira de Souza as boas-vindas a esta Casa, no exercício do nobre mandato
parlamentar de Vereador da Cidade de Porto Alegre. É uma satisfação, nobre
Vereador, recebê-lo e acolhê-lo aqui nesta Casa. Queremos também informar a V.
Exa. que esta Casa teve, através de uma Comissão Especial, um papel decisivo
nos estudos e no desenvolvimento na idéia da criação do Centro 24 Horas. É bem
verdade que os Legislativos ainda, em nosso País, são os poderes mais frágeis,
e a realidade é que, muitas vezes, os espaços dos trabalhos aqui realizados não
são tão generosos quanto os conferidos historicamente aos Executivos, o que faz
com que, muitas vezes, o Legislativo perca. Mas saiba V. Exa. - e o próprio
Presidente da Sociedade de Engenharia é testemunha disso - do esforço e do
trabalho desta Casa no sentido da criação, primeiro, da rua e, depois, com a
designação maior de Centro 24 Horas e na própria indicação do local, que foi
apoiado e aprovado aqui, nesta Casa, numa Comissão Especial presidida por este
Vereador e relatada pelo Ver. Fernando Záchia. Mas, como dissemos a V. Exa., há
esses percalços na vida pública que, muitas vezes, não colocam nos mesmos
patamares de generosidade as informações entre Legislativo e Executivo, o que
leva, até, a desinformações.
Feitos esses
esclarecimentos e tendo a consciência da importância que tem aquela área para o
resgate do Centro da Cidade, reiteramos a satisfação de tê-lo conosco aqui,
nesta Casa.
Sobre a mesa,
Requerimento de autoria do Ver. Raul Carrion, solicitando seja invertida a
ordem dos trabalhos para que seja prestada a homenagem solicitada ao PC do B.
Os trabalhos
ficarão na seguinte ordem: Grande Expediente, Ordem do Dia, Pauta - Discussão
Preliminar, Comunicações e Explicação Pessoal.
Em votação o
Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Passamos ao
GRANDE EXPEDIENTE
O Grande Expediente de hoje destina-se a homenagear o PC
do B, pela passagem do seu 74º aniversário, nos termos do Requerimento nº
19/96, de autoria do Ver. Raul Carrion.
Queremos convidar para integrar a Mesa o representante do Tribunal de Justiça do Estado, S. Exa. o Desembargador Délio S. Wedy; o Ilmo. Sr. representante do Sr. Prefeito Municipal, Cézar Alvarez; a Dep. Estadual Jussara Cony; o Sr. Presidente Estadual do PC do B, Dr. Adalberto Frasson; o Sr. Presidente Municipal do PC do B, David Fialkow Sobrinho. Também convidamos os ex-Vereadores Eloy Martins e Pedro Alvarez para passarem à área das tribunas. Ver. Pedro Alvarez, sinta-se como extensão da Mesa dos trabalhos desta Casa.
Com a palavra, o Ver. Mário Fraga, que cede seu tempo para o Ver. Raul Carrion.
O SR. RAUL CARRION: (Saúda os componentes da
Mesa.) (Lê.)
“Há exatamente
74 anos, no dia 25 de março de 1992, realizou-se o Congresso de fundação do
Partido Comunista do Brasil. Seu surgimento não foi fruto do acaso ou da
vontade de alguém. Expressou o amadurecimento da classe operária e de suas
lutas.
Três meses após
a sua fundação, o Partido foi posto na ilegalidade, iniciando uma longa
trajetória de perseguições e repressões.
Vivíamos o
momento histórico das lutas “tenentistas”, do levante do Forte de Copacabana,
da Coluna Prestes, da própria Revolução de 30. A classe operária e o seu
partido ainda eram débeis e pouco experientes para jogar um maior papel.
O fascismo e o
nazismo avançavam em todo o mundo. No Brasil crescia o integralismo. Para
enfrentá-los, os comunistas lançam em 35 a Aliança Nacional Libertadora,
lutando por liberdades democráticas, reforma agrária, independência nacional.
Em apenas três meses a ANL atinge mais de 100 mil filiados. Em julho de 35 o
governo - simpático ao nazi-fascismo - coloca a ANL na ilegalidade, invade suas
sedes, prende seus militantes. A resposta é a insurreição de novembro de 35 em
Natal, Recife e Rio de Janeiro. Restrita aos quartéis, ela é sufocada a ferro e
fogo e seguida de violenta repressão aos comunistas e aliancistas.
Em 1940, a
direção do Partido cai nas mãos da polícia do Estado Novo, que declara que “o
Partido Comunista acabou!” Mas, já em 41, é formada uma direção nacional
provisória e, em 43, é eleito um novo Comitê Central. O Partido defende a
adesão do Brasil à luta antifascista e o envio de tropas brasileiras para os
campos de batalha na Europa.
O fim da guerra
propicia a redemocratização do país. Em 45 é conquistada a anistia e a
legalidade do Partido Comunista do Brasil. Em apenas dois meses de campanha
eleitoral, o Partido alcança 10% dos votos, elege 15 deputados constituintes e
um senador. Suas fileiras atingem 200 mil filiados. Atua no movimento sindical,
organiza as ligas camponesas, mobiliza grandes atos públicos. Preocupadas com
tal crescimento, as elites reacionárias declaram, em 47, a ilegalidade do
Partido. Em 48, os seus parlamentares são cassados. O governo passa a exercer
violenta repressão sobre os comunistas que participam ativamente da campanha “O
Petróleo é Nosso”, lutam contra o envio de tropas à Coréia, pela reforma
agrária, pelos direitos dos trabalhadores.
O final da
década de 50 revela sérias divergências entre os comunistas sobre os rumos da
luta social no Brasil. Em 61, são alterados os estatutos, o programa e o nome
do Partido, sob a justificativa de facilitar a sua legalização. Os que não
concordam com isso convocam uma Conferência Nacional Extraordinária para
fevereiro de 62 e reorganizam o Partido Comunista do Brasil.
Em agosto de
61, o Governador Leonel Brizola promove a “Legalidade” para garantir a posse de
João Goulart na Presidência. Os comunistas participam ativamente do movimento.
Em 63, em sua
“Resposta a Kruschov”, o PC do B denuncia os descaminhos do socialismo na União
Soviética e em outros países do leste europeu, crítica que, com o passar dos
anos, torna-se cada vez mais profunda, até chegar aos dias de hoje, quando o
socialismo foi totalmente abandonado nesses países.
Ainda frágil e
em pleno processo de reorganização, o PC do B - apesar de combater as ilusões
reboquistas em relação ao Governo João Goulart - não tem condições de mobilizar
o povo para resistir ao golpe de 64. Na clandestinidade, desenvolve a luta de
resistência ao regime militar, critica o foquismo, acumula forças. O Ato
Institucional nº 5, em 69, intensifica a repressão. O PC do B paga uma alta
cota de presos, torturados, exilados e assassinados. Em 72, são presos e mortos
sob tortura os dirigentes nacionais Lincoln Oest e Guilhardini.
Em 12 de abril
de 1972, surgem no sul do Pará as Forças Guerrilheiras do Araguaia - dirigidas
e organizadas pelo PC do B -, que resistem durante três anos ao ataque de mais
de 20 mil homens das Forças Armadas. Ali dão a vida, entre outros, os gaúchos
João Carlos Haas, Humberto Bronca, Paulo Mendes Rodrigues, Cilon da Cunha Brun
e o conhecido dirigente comunista Maurício Grabois.
Em 76, com a
“queda da Lapa”, a repressão cobra mais um pesado tributo em sangue ao PC do B:
são presos diversos membros do Comitê Central e assassinados Pedro Pomar,
Ângelo Arroyo e João Batista Drumond.
Em 75, o PC do
B divulga o “Manifesto aos Brasileiros”, onde levanta três bandeiras que
nortearão as lutas pela redemocratização do País: anistia ampla, geral e
irrestrita; revogação de todos os atos e leis de exceção; Assembléia Nacional
Constituinte, livre e soberana.
Em 79, o País
conquista a anistia. Em 84, a campanha das “Diretas Já!” leva multidões às
ruas. Em 85, o povo conquista a revogação dos atos e leis de exceção e a
convocação da Assembléia Nacional Constituinte. Em todas essas lutas o PC do B
teve uma participação destacada.
De lá para cá,
o PC do B sempre esteve na primeira linha da luta em defesa das liberdades
democráticas, da soberania nacional, da reforma agrária, dos direitos dos
trabalhadores e do socialismo! Destaca-se pelo seu esforço permanente em busca
da unidade das forças democráticas e populares.
Participou
desde a primeira hora na luta pelo “Fora Collor!”. Denunciou com firmeza a
revisão constitucional. Nas eleições de 94 - em que pese toda a maré
anticomunista - dobrou sua bancada federal., hoje com 10 deputados. Combate com
decisão a política neoliberal do Governo FHC, que conduz o País para mais
profunda crise de sua história.
Num momento em
que tantos afirmam que “a história acabou” e “o socialismo morreu”, em que
tantos renegam os seus antigos ideais de luta, o PC do B acaba de aprovar um
“PROGRAMA SOCIALISTA PARA O BRASIL”, onde, além de reanimar suas convicções
socialistas, procura construir uma proposta inovadora, de acordo com a
realidade brasileira e compromissada com a mais ampla democracia socialista.
Parafraseando o
poeta Ferreira Gullar, pode-se discordar do Partido Comunista do Brasil, mas
falar da história do nosso povo e de seus heróis sem mencioná-lo é faltar com a
verdade! Em seus 74 anos de vida - com seus erros e seus acertos, com suas
derrotas e suas vitórias -, os comunistas se mantiveram fiéis aos seus ideais,
muitas vezes ao custo da própria vida.
Por tudo isso,
os 74 anos do Partido Comunista do Brasil são motivo de alegria não só para os
comunistas, mas para todos os democratas, patriotas e lutadores das causas
sociais, que sempre tiveram e terão, no PC do B, um aliado sincero e leal na
luta por um Brasil Soberano, Democrático e mais Justo!”
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Além das autoridades já nominadas,
gostaríamos de registrar a presença do Sr. Artur Brois, representante da
Associação dos Servidores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; do Sr.
Pedro Dias, Vice-Presidente da UAMPA; da Sra. Maria Trindade, militante
comunista e sobrevivente da chacina da Lapa; da Sra. Vera Guasso, Presidente
Estadual do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados - PSTU; do Sr.
Nelson Sales, Secretário Geral do Sindipolo; do Sr. João Carlos Moraes, membro
da Executiva do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, aqui representando
a Secretária Municipal da Agricultura.
A Vera. Maria
do Rosário cede seu tempo ao Ver. Clovis Ilgenfritz, que fala pela Bancada do
PT.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: (Saúda os componentes da
Mesa.) É para nós um motivo de grande satisfação, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, prezados militantes do PC do B que estão aqui hoje, falar em nome
dos 10 Vereadores do PT neste dia de aniversário, de homenagem aos 74 anos de
lutas desse Partido que marca, conforme, inclusive, o discurso rápido, mas que
tem muita história, feito pelo companheiro Raul Carrion, que requereu esta
homenagem com a qual todos nós concordamos... E estamos aqui para dizer que,
realmente, na luta de resistência dos povos de todo o mundo, dos socialistas, dos
comunistas, tem tido um trabalho fundamental na busca da liberdade, dos
direitos das pessoas, de viver, de bem-estar, da qualidade de vida, na luta
contra o liberalismo e o neoliberalismo, nas políticas do sistema capitalista,
que escravizam, que cada vez mais buscam concentrar a riqueza, o poder, os
recursos das nações na mão de poucos em detrimento da vida da maioria do povo.
Para nós, essa luta continua viva.
É muito
importante nós nos concentrarmos em muitas trincheiras. Em muitas
oportunidades, raramente estamos em trincheiras diferentes e, às vezes, apenas
conjunturais, eleitorais, mas sempre estamos na mesma trincheira quando é para
defender a classe trabalhadora, quando é para estar ao lado daqueles que, mais
do que nunca, estão precisando de luta dos partidos progressistas de esquerda,
do Movimento Sindical Brasileiro, da luta dos setores comunitários, da
organização do povo pela busca da sua soberania no exercício da cidadania, da
dignidade da pessoa humana. É muito importante ver novamente aqui a
companheira, ex-Vereadora e hoje Deputada, Jussara Cony, da qual eu tive a
condição de ser assessor, em 1984, 1985, assim como outras pessoas que
dignificaram muito as bancadas aqui e que tiveram uma luta inesquecível.
Eu acho que a
homenagem que Carrion presta ao lembrar alguns nomes mostra o quanto temos
identidade nesta luta. Eu era estudante e vou lembrar apenas um desses nomes,
que era João Carlos Haas, nosso companheiro, no dia que começamos a definir o
futuro das nossas vidas, para onde íamos, o que faríamos na clandestinidade,
mas todos querendo continuar a luta, não se entregando para o golpe de 64,
assim como já tínhamos participado contra o golpe de 61 e como tínhamos
participado, ainda que jovens, naquele verdadeiro levante nacional, quando do
suicídio de Getúlio Vargas, que representou, naquele momento, também um repúdio
a todo esse processo que continuamos sofrendo, talvez com mais intensidade.
Lembro-me
também de outra personalidade que aprendi a admirar desde jovem, que foi Pedro
Pomar, que é o pai de um grande companheiro nosso de partido, de direção
nacional e que tem uma história que representa todos esses outros nomes que
foram lembrados aqui.
Eu tenho a
certeza de que a bancada do nosso partido - e eu tive a honra de ser designado
pelo nosso Vice-Líder Guilherme Barbosa para fazer esta homenagem - está hoje
fazendo essa reflexão e sabendo que nós, por mais que tenhamos pequenas
divergências, enfoques diferenciados e muitas vezes conjunturais, precisamos
fazer com que os partidos de esquerda, esses que têm história no nosso País e
nos movimentos sociais progressistas, se unam, porque não podemos mais aceitar
as políticas que estão sendo impostas pelo Governo, tanto em nível nacional
como regional, e sabendo que essa luta vai ser vitoriosa desde que consigamos
nos unir cada vez mais.
Um abraço
fraterno, amigo, leal e companheiro do Partido dos Trabalhadores aos bravos
companheiros do PC do B. Longa vida ao PC do B! Eu estive na reunião de vocês
no sábado e vi o quanto é importante essa frase, e também vi no dia do
aniversário em que lá, nos metalúrgicos, saudamos também a presença de Carrion
na bancada aqui da Câmara. Então, ao mesmo tempo que dizemos longa vida,
desejamos também que consignamos estar juntos. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Paulo Brum cede seu tempo ao Ver.
Jocelin Azambuja.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: (Saúda os componentes da
Mesa.) O Partido Trabalhista Brasileiro, por delegação do nosso Líder, Ver.
Luiz Braz, com o apoio do Ver. Paulo Brum, que nos cedeu o seu tempo e que
também traz o abraço do Ver. Edi Morelli, nós também trazemos o abraço do nosso
Diretório Metropolitano do PTB de Porto Alegre, que presidimos; Diretório
Regional do Partido, através do nosso companheiro Dep. Sérgio Zambiasi; da
nossa Senadora Emília Fernandes, com quem, ainda hoje pela manhã,
conversávamos. Enfim, de todo o Partido Trabalhista Brasileiro.
Nós temos
coisas comuns na história dos nossos partidos, temos oposições em momentos
diferenciados, numa linha positiva. Somos os dois partidos mais antigos deste
País. O PC do B e o PTB são os partidos que viveram uma vida clandestina, foram
cassados pelas forças militares, viveram períodos extremamente difíceis nas
suas histórias. Houve líderes importantes ceifados em suas vidas, nos seus
princípios, nos seus direitos políticos; então, nós temos relações muito
próximas, de história. O PTB tem hoje 50 anos. Assim como o PC do B, o PTB teve
suas divisões e dentro das próprias linhas ideológicas houve as divergências internas
e se ramificaram em outras legendas. Nós também vivemos isso dentro do
trabalhismo, que nasceu dentro da revolução industrial, naquele momento de
inovação no mundo em que havia um choque entre as teorias de Marx e o
capitalismo selvagem e desenfreado da exploração dos trabalhadores. E surgiu o
trabalhismo, justamente, para equilíbrio nessas relações. Então, existem
momentos importantes na vida de nossos partidos que sempre nos aproximaram: nas
lutas, nas vivências e na história do nosso País. Temos nossos problemas
internos, como todas as lutas ideológicas e todos os caminhos políticos geram.
Isso ocorre porque todos os nossos partidos são formados por seres humanos que
ainda não conseguiram se aperfeiçoar ao ponto de manter sempre seu equilíbrio
adequado.
O PC do B já
teve sua representação nesta Casa; perdeu-a devido a essas coisas que a
legislação permite; recuperou a sua representação com o Ver. Raul Carrion.
Enfim, temos a certeza de que precisamos construir uma vida política cada vez
mais moderna, eficiente para o nosso País, do qual todos nós gostamos e o qual
todos desejamos que seja uma grande nação. Esperamos que o Brasil adquira a sua
cidadania e que consiga despertar como uma grande nação, desenvolvendo-se com
justiça social, com condições de desenvolvimento para todos.
Para isso é
fundamental que os nossos partidos políticos, que os dirigentes partidários -
com a responsabilidade que temos que ter com o futuro da sociedade - saibam dar
as linhas corretas juntamente com os nossos militantes, junto com os nossos
seguidores, para que possamos aperfeiçoar cada vez mais este nosso País. Temos
que manter as nossas bandeiras de oposição, quando situação, não perdendo a
visão de ser oposição, porque muitas vezes cometemos esses erros no mundo da
política, quebrando nossos princípios. Então, vivemos ainda essa situação
difícil, que é explicar como fazemos isso. Não temos ainda, na verdade, um
grande amadurecimento político para prestar o serviço que o nosso povo quer.
Nós precisamos disso. Essa é uma falha, e eu assumo minha culpa e tenho certeza
que muitos partidos assumiram essa mesma culpa, porque faz parte da estrutura
político-partidária que nós temos. Não temos ainda uma fidelidade partidária,
avanços políticos que nos façam ter linhas definidas de pontos de vista.
Precisamos saber discutir, dialogar, ser oposição daquilo que não constrói o
País. Deveremos aprender a ter humildade de reconhecer quando alguma coisa de
positivo é feita, seja numa esfera municipal de governo, ou estadual ou
federal.
É importante
que tenhamos uma visão clara disso. Também é importante que consigamos mostrar
à sociedade que todos os nossos partidos políticos estão querendo construir uma
sociedade e um mundo melhor, de mais justiça, que atenda aos interesses do
povo, que acabe com as distorções que massacram o nosso povo. Essa é a
responsabilidade de todos nós, quer quando estamos no poder ou quando estamos
na rua gritando contra aqueles que estão no poder. Que saibamos sempre
diferenciar essas relações, mas não percamos nunca a linha fundamental que
temos de ter, de mostrar ao nosso povo que queremos o bem da nossa sociedade,
construir o nosso bem, mas que esse construir não passe por esquecer os nossos
princípios, as nossas linhas ideológicas!
Cumprimento, em
nome do PTB, os companheiros do PC do B, os seus dirigentes, que, cada vez
mais, têm tentado acertar nestes 74 anos, os seus militantes, que querem o bem
maior do nosso País, por todos os companheiros que fazem política partidária,
que buscam, através da política, a construção de uma sociedade livre,
democrática, aberta. E que todo cidadão possa crescer e um dia dizer com
orgulho que aqui tem um povo que tem perspectiva de futuro, que tem grandeza e
que pode realmente avançar! Meus parabéns ao PC do B. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Negrinho cede seu tempo ao Ver.
Airto Ferronato.
O SR. AIRTO FERRONATO: (Saúda os componentes da
Mesa.) Vimos trazer aqui o nosso abraço ao PC do B, aos seus militantes, ao
nosso ilustre Ver. Raul Carrion pelo aniversário do Partido que completa 74
anos de história, uma história que eu, particularmente, que sou filho de
colono, criado no interior do interior de Arvorezinha, ouço desde aqueles
tempos, quando tínhamos a oportunidade de, em criança, ouvirmos falar sobre
partidos e política.
O meu pai que
era colono sem-terra. Sempre gostou de política e, onde passávamos, aquilo que
se comentava sobre o partido... sempre vinha à tona o PC do B, pela sua
história, pela sua trajetória. Permito-me dizer que, quando vejo a Deputada
Jussara Cony, lembro do PC do B, um partido vigoroso, forte, lutador, bravo,
que luta, incessantemente, por alternativas que venham a trazer melhoras para a
nossa gente.
Nós, do PMDB,
comemoramos 30 anos de história na semana passada e, nesses discursos que
ouvimos, podemos observar a importância que é para uma nação a longevidade dos
partidos, a importância que tem para uma nação partidos que se disseminem em
todo o País e que tenham presença constante na sociedade, partidos que tenham
permanência neste País. Assim como dizíamos que eram importantes esses 30 anos
para o PMDB, também é importante para a sociedade brasileira a história do
nosso PC do B.
Há algum tempo,
ou na última eleição para a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, tivemos uma
bela e feliz oportunidade de estarmos participando juntos daquela campanha,
dizendo que aquilo foi importante para nós todos e, inclusive, para a sociedade
porto-alegrense aquela coligação que trouxe a garra, a experiência, a
determinação, a vontade e a esperança de mudanças que significa o PC do B. Daí
por que não poderíamos deixar, neste momento, de estar aqui trazendo este
abraço.
Gostaria de
agradecer a presença e a participação do Ver. Luiz Negrinho, que em nome do PST
cede o seu tempo; traria também ao PC do B o abraço do PMDB e do PST. Aqui, a
nossa saudação a todos, em breves palavras. O PCdoB tem 74 anos e para o bem
deste País ele precisa de mais 74 anos, porque é na história de lutas que se
encontra o registro de nossas mudanças, aqueles partidos que buscam mudanças
para um país onde as mudanças são extremamente difíceis de ocorrer, onde, a
olho nu, pessoas da mais refinada formação política, social, pessoal e
profissional entendem e sabem que são necessárias mudanças. Pessoas com menor
formação, mas que têm experiência, também entendem que este País precisa de
mudanças. E estas mudanças, na minha modesta visão, se não tivéssemos partidos
que têm história como o PC do B, seriam ainda mais difíceis. Então, entendemos
que essa vigorosa participação do Partido na história de Porto Alegre - falamos
sobre Porto Alegre porque aqui estamos como Vereadores - é alguma coisa que
traz pontos extraordinariamente positivos para a nossa Cidade e para o seu
povo.
Um abraço e
parabéns a todos os militantes e às autoridades, aos nossos parlamentares do
Partido. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver.
Henrique Fontana, solicitando licença para tratar de interesses particulares.
(Obs.: Foi
aprovado Requerimento de licença para tratar de interesses particulares do Ver.
Henrique Fontana e declarado empossado o Suplente, conforme consta na Ata.)
O próximo
orador inscrito é o Ver. Milton Zuanazzi. Ausente. O Ver. Nereu D’Ávila está
com a palavra e fala pela Bancada do PDT.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente da Câmara
Municipal Isaac Ainhorn, e aqui abro um parêntese, com a licença de todos, para
fazer uma homenagem especial ao Desembargador Délio Spalding Almeida Wedy, que
foi, junto com outros dois, um dos últimos desembargadores a terem a sua
ascensão ao Tribunal de Justiça e que hoje representa o Tribunal de Justiça.
Peço licença para caracterizar essa homenagem especial, dado que o Dr. Délio
honra a terra de Soledade, onde nascemos e crescemos juntos, e tivemos uma
infância muito feliz lá, em Soledade; filho do Dr. Garilbaldi Wedy e irmão do
Dr. Décio Wedy, grandes nomes da Magistratura. Dr. Délio, não só como
Desembargador, representando o Tribunal, mas como meu amigo pessoal e de infância,
receba os nossos parabéns.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Nereu D’Ávila, nós interromperíamos o
tempo de V. Exa. por 30 segundo para convidar a integrar a Mesa dos trabalhos o
Deputado Federal Lindberg Faria, do PC do B, da Bancada do Rio de Janeiro, e ex-Presidente
da UNE - União Nacional dos Estudantes. É uma honra para este Legislativo
receber o ilustre Deputado Federal, pela Bancada do Rio de Janeiro, do PC do B.
(Palmas.) Registramos também a presença de demais dirigentes da UNE, Sr.
Flávio, que se encontra aqui presente.
Devolvemos a
palavra a V. Exa. e devolvemos, igualmente, o tempo de V. Exa.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Eu me somo a V. Exa., em
saudando o nobre Deputado e Líder dos estudantes brasileiros Lindberg Faria;
também ao representante do Sr. Prefeito, Cézar Alvarez, a nossa saudação; à
nossa querida ex-Vereadora e sempre líder das lutas populares nesta Cidade,
neste Estado, e que com muita honra pronuncio o seu nome, a Dep. Jussara Cony;
Sr. Presidente Estadual do PC do B, Adalberto Frasson, também nosso amigo e
companheiro; Sr. Presidente Municipal do PC do B, David Sobrinho, e ex-Vereador
comunista, Sr. Eloy Martins; militantes do PC do B, demais lideranças da União
Nacional dos Estudantes; nosso ex-Vereador e lutador nesta Casa, com muita garra,
José Alvarenga, a minha saudação muito fraterna, grande lutador das causas
populares; meus colegas Vereadores, Senhoras e Senhores.
Um dos males do
Brasil, dentre outros, é não deixar vicejar aqueles condutos entre o povo e o
Governo, que são os partidos políticos. O Ato Institucional nº 01, de 1965,
como outros atos institucionais de memória triste neste País, extinguiu aqueles
partidos que vinham amalgamando a alma popular: o PTB, a UDN, representante da
burguesia, o PSD, o PRP, o PSP, do Sr. Ademar de Barros, e tantos outros que já
estavam, de certa maneira, caracterizando parcelas muito fortes, e a Revolução
e a ditadura tentaram criar o bem e o mal: os que estavam de um lado eram bons;
os de outro, não. Acho que isso é um mal, porque os europeus e de outros países
caracterizaram-se ao longo do tempo. Um partido não se constrói, não se
transforma em um espelho popular senão ao longo de lutas. Mas o PC do B, que
hoje homenageamos pelos seus 74 anos, conseguiu, ao longo desse tempo,
permanecer porque não conseguiram dividir as suas forças. Em outros casos,
lamentavelmente, partidos com vertente popular, como o PC do B, conseguiu-se
esmiuçar, dividir, e hoje até se engalfinham em lutas que deveriam ser de
todos.
O PC do B tem
história que hoje está sendo comemorada na Câmara Municipal com muita honra,
com seus militantes, com suas bandeiras. Injusto na crítica que faço, faço
também um elogio à democracia que estamos vivendo. Muitos de nós, junto com
outros, participamos de lutas populares para chegarmos a este estágio da vida
brasileira, até, às vezes, discordando entre nós, mas, sem dúvida alguma,
honrando aqueles que bravamente lutaram. Ali está um que desde criança, quando
comecei a militar nos movimentos estudantis e me dar por gente, com consciência
política - o Cel. Pedro Alvarez - era um dos que estavam sempre liderando as
causas populares, hoje encanecido, mas nunca perdendo o vigor das suas idéias.
Esses construíram os partidos populares, esses nos legaram as idéias, muitas
das quais nós dividimos em outros partidos também com vertente popular.
Eu lembro que,
na minha juventude, quando cotejávamos entre as posições de João Amazonas e de
outros, na época com outras siglas, mesmo no campo da esquerda, nós nos
inclinávamos simpaticamente pelo Sr. João Amazonas, hoje também encanecido nas
lutas populares. Depois, outros lhe sucederam. Eu citei aqui a nobre Dep.
Jussara Cony com quem, pessoalmente, tive muitas rusgas e pequenas diferenças
no Plenário da Câmara, mas nunca, jamais, como ninguém poderá fazê-lo, deixei
de reconhecer a sua autenticidade, a sua dedicação de corpo e alma às vivências
e às lutas verdadeiramente populares nessa Cidade, nesse Estado.
Neste momento,
em nome do PDT, quero saudar efusivamente, e até, às vezes, sou mal
interpretado aqui quando tenho observações em relação à constituição da Bancada
do PC do B - questões jurídicas, formais, mas nunca em relação das lutas
populares e da autenticidade e da brava postura do PC do B, que esteve conosco,
inclusive, muitas vezes juntos, no mesmo palanque, alianças políticas, nunca,
em momento algum, e nem poderíamos fazê-lo, em nome da verdade histórica,
sequer duvidar da postura vertical das posições do PC do B. Não se precisa,
necessariamente, concordar; não se precisa, necessariamente, aplaudir; não se
precisa, necessariamente, bajular, mas necessariamente precisa-se reconhecer
que não se faz nenhum favor porque está inserido nas lutas sociais.
Graças a Deus
que para nós, de outros partidos, o PC do B tenha conseguido sobrepairar-se
unido nesses 74 anos de luta e, como há muito que fazer, ainda prestará muitos
serviços para esta Nação.
Em nome dos
nove Vereadores do PDT, e tenho certeza de que o próprio Sr. Leonel Brizola
chancelaria a minha saudação porque ele tem um apreço todo especial pelas lutas
e pelas bravas figuras que o PC do B emprestou à nacionalidade brasileira,
muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Pedro Américo Leal.
Ausente. Está com a palavra o Ver. Pedro Ruas. Desiste, tendo em vista o
pronunciamento do Ver. Nereu D’Ávila, em nome da Bancada do PDT.
Está com a
palavra o Ver. Lauro Hagemann para uma Comunicação de Liderança.
O SR. LAURO HAGEMANN: (Cumprimenta os componentes
da Mesa.) A história há de registrar nos seus futuros anais o século XX como um
século especial da história humana, graças, no meu entendimento, a uma parcela
muito importante de participação que foi dada pelo Movimento Comunista
Internacional.
No século XIX,
um judeu alemão expôs algumas teorias sociais e políticas que começaram a ter
explicação prática neste século que estamos vivendo e terminando. A primeira
delas ocorreu na Rússia - outras tentativas anteriores foram feitas, mas a
principal delas ocorreu na Rússia - em 1917. Certa? Errada? Só o tempo é que
dirá.
Mas as idéias
de Marx começaram a ser discutidas no mundo em função da primeira explicação
prática na - em seguida constituída - União Soviética. Isso deu ao mundo uma
conseqüência muito grande de acontecimentos e de reordenamento político, social
e econômico, que apenas o tempo dirá em que profundidade isso se deu. Ainda
estamos assistindo a alguns esgares de que se processou na Europa daquele
tempo. Mas para implementação desse processo de uma nova visão de sociedade -
porque o que Marx preconizava e preconiza é a transformação da sociedade - um
russo chamado Lenin instituiu o que ele chamou, num livro, de Partido de Novo
Tipo, e aí começaram a se construir, no mundo, os partidos comunistas.
Aqui, na
América Latina, quase todos eles tiveram origem numa seqüência: 1921, 1922 e
1923. O mais antigo é o uruguaio, de 1921; o brasileiro e o argentino são de
1922. Esses Partidos de Novo Tipo é que tiveram a condução desse processo.
Entre equívocos e erros - e há um significado filosófico diferente entre essas
duas palavras - entre acertos e desacertos e entre brigas intestinas, que foram
muito freqüentes principalmente em partidos ideológicos como eram os
comunistas, nós aqui, no Brasil, não ficamos imunes a esse processo. Mas o que
quero dizer no meu discurso ao PC do B é que essas diferenças hoje não devem
vir à tona, por mais expressivas que sejam, por mais contundentes que possam
parecer. Hoje devemos esquecer essas diferenças em nome de uma causa comum, que
é a nossa crença na mudança da sociedade, embora acentuando as nossas
diferenças por caminhos um pouco diferentes, mas que não elidem a necessidade
da transformação da sociedade numa coisa que foi apontada pelo velho Marx: a
eliminação da sociedade de classes. Não sei quando isso vai acontecer, mas
temos a obrigação de dar continuidade a essa luta. E é isso que nós estamos
querendo fazer. Muito obrigado pela presença dos companheiros.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Dando continuidade a esse Grande Expediente,
tendo em vista as manifestações das bancadas que já se fizeram ouvir da tribuna
desta Casa, passamos a palavra ao Presidente Estadual do PC do B, Sr. Adalberto
Frasson, que fará a manifestação do PC do B, da tribuna desta Casa.
O SR. ADALBERTO FRASSON: (Saúda os componentes da
Mesa e demais presentes.) Em especial, saúdo o meu caro Dep. Federal Lindberg
Faria, que é um espelho da juventude das idéias do PC do B, idéias essas que,
na juventude de seus 74 anos de vida, representam também a nossa combativa
bancada na Câmara de Deputados, com a nossa cara e combativa Dep. Jussara Cony.
Inicialmente,
Sr. Presidente, quero agradecer, em nome do meu Partido, a homenagem que esta
Casa presta aos 74 anos de existência do PC do B. Aliás, esta comemoração já se
repetiu diversas vezes neste Plenário e em outras ocasiões e reflete a
trajetória progressista e comprometida desta Casa, assim como o sentimento do
nosso povo porto-alegrense. Quero agradecer as manifestações dos Srs.
Vereadores em nome das bancadas, que muito nos animam nessa luta árdua dos dias
de hoje. Essa luta, sem dúvida, é necessária e capaz de transformar essa
realidade tão triste que vivemos.
Comemorar 74
anos de existência de um partido num país como o nosso, onde a democracia
várias vezes foi pisoteada - com ela os partidos também foram golpeados - já é
motivo de muita alegria, não só para nós, comunistas, mas para todos que amam a
liberdade e almejam dias melhores para o nosso povo. Mais do que uma alegria
por esses 74 anos de existência contínua do PC do B, manter hoje erguida a
bandeira de uma sociedade de progresso, de justiça e bem-estar para o nosso
povo, a bandeira do socialismo, num mundo onde as elites querem nos fazer crer
que nada mais existe a não ser o seu projeto, é um orgulho para o PC do B
manter essa bandeira, é uma necessidade, mesmo diante das enormes dificuldades
e das derrotas que sofremos na nossa trajetória.
Aos poucos, Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, o povo vai-se dando conta do que representa o
neoliberalismo, propagado aos quatro ventos como sinônimo de liberdade e
progresso. A dura realidade, tão triste e dolorosa para os trabalhadores e para
o povo, vai demonstrando que ele nada mais é do que um sistema onde se
aprofunda a exploração, onde cresce a miséria e onde a concentração de renda continua
em parâmetros nunca vistos. Em nosso País, o Governo FHC também vai
demonstrando quem é e para que veio. O que vemos é que nenhuma de suas
propostas, nenhuma de suas reformas, nenhum de seus projetos, significou
progresso em alguma área do nosso País, quanto mais do País como um todo.
Pergunto eu: onde temos desenvolvimento em nossa Pátria? Qual o setor, se não
os grandes banqueiros, que está bem?
A economia em
recessão, a agricultura arruinada, a falência proposital do serviço público de
saúde e de educação, o desemprego e a miséria agravada são conseqüências de seu
governo. Como se não bastasse isso, a corrupção reaparece com toda a força. A
deslavada e descarada manipulação do dinheiro público, quer seja para tapar
rombos bilionários provocados pelos banqueiros que controlam este País, ou para
comprar votos e submeter a maioria do Congresso, volta a ser a forma de governo
das elites, para garantir os seus privilégios e os seus projetos.
Nesse cenário,
o PC do B comemora 74 anos convicto de que a realidade exige mudanças e que os
rumos do País devem ser outros. Nós, do PC do B, estamos dispostos e estamos
aqui, junto com os democratas e os progressistas, para dar a nossa contribuição
e conquistar uma pátria livre, de progresso e soberana.
Muito obrigado
por essa homenagem que esta Câmara Municipal e os Srs. Vereadores nos prestam
hoje. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Mais uma vez, em nome da Casa, a
manifestação da presente Sessão num reconhecimento ao pluralismo da aprovação
unânime desta homenagem e do reconhecimento do Legislativo Municipal de Porto
Alegre à trajetória desse partido que nasceu antes mesmo da Revolução de 30,
ainda no período da República Velha, a mais antiga organização partidária
contemporânea da nossa história do século XX.
A homenagem que
se presta hoje e que foi prestada pelas manifestações de diversas bancadas com
assento nesta Casa é um reconhecimento ao pluralismo e à luta dessa
organização, dessa parcela de pensamento da sociedade brasileira.
Os nossos
agradecimentos pela presença dos dirigentes do PC do B no Estado do Rio Grande
do Sul, na Cidade de Porto Alegre, sua representação parlamentar, que se fez
presente na visita honrosa do Dep. Federal Lindberg Faria, da brava companheira
Jussara Cony, Deputada Estadual, de diversos dirigentes sindicais e lideranças
que se fazem presentes. Igualmente, da representação do PSTU, que também se faz
presente nesta homenagem no dia de hoje.
Vamos suspender
os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se
os trabalhos às 15h26min.)
O SR. PRESIDENTE (às 15h34min): Estão reabertos os
trabalhos. Havendo quórum, passamos à
ORDEM DO DIA
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente, está
distribuído nos avulsos que foram entregues ao meu gabinete hoje pela manhã,
entre outros processos, o de nº 494/96, que institui crédito educativo em
universidades de Porto Alegre e dá outras providências. Há na Casa um processo
de igual teor, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, do qual, inclusive, eu fui
relator.
O SR. PRESIDENTE: Registramos a Questão de Ordem do Ver.
Antonio Hohlfeldt e solicitamos à Diretoria Legislativa, a partir das notas
taquigráficas do questionamento do Ver. Antonio Hohlfeldt, que examine a
questão e tome as providências cabíveis.
O SR. NEREU D’ÁVILA (Questão de Ordem): Só para auxiliar a Mesa, é
para dizer que o processo foi desarquivado e isso, inclusive, fortalece a
posição do requerente Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. PRESIDENTE: Com certeza, dentro do alto espírito público
que preside a consciência e os atos de cada um dos Srs. Vereadores nesta Casa,
nós encontraremos a solução de harmonia e de entendimento.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): A minha indagação é apenas
para saber como fica na Pauta de hoje, porque ele estava anunciado como 1ª
Sessão.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa a V. Exa., tendo em vista já
estarmos no período da Ordem do Dia, que, até o momento de correr a Pauta, com
certeza, com a igualdade e o dinamismo da Diretoria Legislativa, nós
encontraremos o caminho que levará a um bom termo o impasse de natureza
processual e legislativa que V. Exa. formulou.
Já foi
distribuído na Sessão anterior Parecer da lavra do douto e nobre Ver. Reginaldo
Pujol, aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Casa. Encontra-se o
mesmo em fase de encaminhamento de votação. Foi distribuído em avulso o
Parecer.
Colocamos em votação o Parecer nº 46/96 a Questão de Ordem de autoria do Ver. Luiz Braz, referente à votação de “Veto a uma Emenda que faz parte da tramitação do Processo nesta Casa e não à matéria que foi aprovada nesta Casa”, com relação ao PLE nº 51/95.
Em votação o
Parecer. (Pausa.) Os Sr. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.)
APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
NOMINAL
PROC. 2132/95 - VETO PARCIAL AO PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 51/95, que estima a Receita fixa a
Despesa da Administração Direta do Município para o exercício econômico
financeiro de 1996.
Pareceres
- da
CCJ. Relator Ver. João Motta: pela
manutenção do Veto Parcial;
- da CEFOR. Relator Ver. Luiz Braz; pelam rejeição do Veto aos artigos
7º e 8º e pela manutenção do Veto à Emenda nº 04.
Obs.:
- para aprovação, maioria
absoluta de votos favoráveis dos membros da CMPA - art. 77, § 4º, da LOM;
- votação nominal - art.
174, II, do Regimento da CMPA;
- adiada a discussão por
duas Sessões;
- discutiram a matéria os Vereadores Luiz Braz, Jocelin Azambuja, Airto Ferronato e Clênia Maranhão.
Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM - aprova o Projeto, rejeita o Veto;
NÃO - rejeita o Projeto, aprova o Veto.
O SR. PRESIDENTE: Tendo em vista a aprovação do presente Parecer da douta Comissão de Constituição e Justiça, nós recebemos um Requerimento de autoria da Vera. Clênia Maranhão no sentido de que, a partir de um exame pelo Plenário do presente Requerimento, seja votada em destaque a Emenda de nº 04 ao PLE nº 51/95.
Em votação o
Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Em discussão o
Projeto que estima a receita fixa a despesa para o ano de 1996: PLE nº 51/95.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Eu estava distraído,
conversando com o Ver. João Dib, mas tem uma questão anterior, que é o Parecer.
O SR. PRESIDENTE: Já foi aprovado, Vereador. Há poucos minutos
atrás este Vereador, na condição de Presidente desta Casa, colocou em votação o
Parecer. Não houve manifestações de encaminhamento. Imediatamente colocamos o
mesmo em votação, o qual foi aprovado por todos os Srs. Vereadores e,
inclusive, logo após, colocamos em votação o destaque formulado pela Vera.
Clênia Maranhão que, igualmente, mereceu aprovação.
O SR. JOÃO VERLE (Questão de Ordem): Houve um pedido de destaque
da Vereadora. A questão é a seguinte: cabe, na hora da votação, encaminhamento
dessa questão do Veto à Emenda?
O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa que, efetivamente, em primeiro
lugar, a matéria suscitada por V. Exa. é pertinente à matéria de Questão de
Ordem, absolutamente regimental. Com relação ao questionamento da Questão de
Ordem formulada por V. Exa., efetivamente, considerando que se trata de
destaque, cabe encaminhamento de destaque.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Requerimento): Sr. Presidente, eu
apresentaria a V. Exa. um Requerimento de verificação de votação daquele
Parecer.
O SR. PRESIDENTE: De verificação de votação é possível, e a
Mesa defere a V. Exa. Não há encaminhamentos. Foi feita a distribuição na
sexta-feira do Parecer da CCJ - Parecer este da lavra do Ver. Reginaldo Pujol e
aprovado por unanimidade pelos Vereadores membros da Comissão de Constituição e
Justiça - Vereadores Elói Guimarães, João Motta, Airto Ferronato, Fernando
Záchia, José Valdir e Wilton Araújo.
Em votação, em
verificação de votação, o Parecer da Comissão de Constituição e Justiça,
aprovado por unanimidade naquela Comissão. (Após a chamada.) APROVADO o Parecer nº 46/96 por 15
votos SIM, 07 votos NÃO e 02 ABSTENÇÕES.
O SR. EDI MORELLI (Requerimento): Solicito a retirada de
tramitação em Pauta do Proc. nº 547/96, PLL nº 18/96, de minha autoria.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa defere o seu pedido.
Em discussão o
PLE nº 51/95 - Veto Parcial. O Ver. João Verle está com a palavra para
discutir.
O SR. JOÃO VERLE: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quando da
votação do destaque irei fazer um encaminhamento correspondente.
Com relação ao
Veto aos artigos 7º e 8º do Projeto de Lei, entendi, perfeitamente, a intenção
do autor da Emenda que acabou se consubstanciando nesses artigos, que era o de
dar ao Legislativo algum tipo de poder para mexer no seu orçamento, pois que a
suplementação, tanto para o Executivo quanto para o Legislativo, pode ser feita
sem limite para gasto de pessoal e pode ser feita até 5% no total estimado nos
demais casos. Então, a Câmara tem autorização de 5% de suplementação.
Sabemos que, no
caso de suplementação dentro desse limite, há possibilidade do excesso de
arrecadação ser apresentada como fonte de receita. Tenho muita dificuldade,
como teve o Executivo, de entender o que quis o autor em dar ao Legislativo
autorização para suplementar até 4% por excesso de arrecadação, porque, na
realidade, ele não tem 4%; a Câmara tem 5%, e o excesso de arrecadação não é
nenhuma autorização que foi o Executivo para suplementar, além do limite que é
dado, que é o mesmo do Executivo e do Legislativo. Não tem nenhum sentido essa
Emenda. É nesse sentido que o Executivo colocou o Veto e é nesse sentido que
estamos discutindo.
É bom que todos
aqueles que não estão familiarizados com a questão orçamentária e financeira
procurem prestar bem atenção. O Executivo tem uma autorização de 5%. Esse mesmo
percentual serve para o Legislativo. O que é o excesso de arrecadação senão a
possibilidade de apresentar como fonte de receita? Para quê? Para suplementar
até 5%. O que quis o autor da Emenda? Além dos 5%, mais 4%? Isso não existe,
porque essa autorização o Executivo também não tem. O excesso de arrecadação é
dado como fonte de receita para suplementar. Até onde? Até o limite que a lei
autorizar. Fora disso temos o crédito especial, quando é uma dotação que não
existe, ou então ficamos dentro daquela limitação. Logo, está perfeitamente de
acordo o Veto, porque não tem sentido manter esses artigos. E mais: a Lei nº
4320, de 64 - lei que cuida nas normas gerais de Direito Financeiro para
controle dos orçamentos e balanços da União, Estados, Municípios e Distrito
Federal - diz muito claramente no art. 42: “Os créditos suplementares e
especiais serão autorizados por lei e abertos por decreto do Poder Executivo.”
Então, Orçamento é uma lei; logo, estabelece 5%. São 5% para o Executivo e para
o Legislativo; aí, o Executivo, através de um decreto abre esse crédito. Logo,
como não atribuir à Câmara, automaticamente, a abertura de crédito e se dá ao
Executivo uma suplementação dentro do seu limite legal - o Executivo abre e dá
a fonte/receita? Pode ser o caso do excesso de arrecadação. E é bom que se diga
que o excesso de arrecadação não é calculado mês a mês, mas anualmente. Então,
não há como estar informando permanentemente o excesso de arrecadação.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta cede o seu tempo ao Ver.
João Verle, que permanecerá na tribuna pelo tempo regimental.
O SR. JOÃO VERLE: Agradeço ao Ver. João Motta. Colegas
Vereadores, digo-lhes que este é um assunto técnico e não se trata de diminuir
o Poder Executivo, nem se trata de, com uma emenda, tentar aumentá-lo. Mas
podemos até, por maioria, derrubá-lo, mas ele será absolutamente inócuo porque
impraticável! Não há como executar, já que não encontra amparo legal em nenhuma
espécie ou legislação, porque, repito... E agora espero que pela última vez;
depois, se houver argumento contrário, certamente algum Vereador ocupará esta
tribuna e fará a sustentação. Eu até gostaria que o Ver. Ferronato, que é uma
autoridade na matéria, pudesse manifestar-se em aparte, ou ocupando a tribuna,
se o meu raciocínio não está correto, que é de que até 5% pode ser suplementado
o Orçamento, seja pelo Executivo ou pelo Legislativo. E o excesso de
arrecadação não é uma possibilidade de suplementação indefinida. Ele pode ser
usado como fonte de receita para suplementar até aquele limite que foi aprovado
em lei, que é, no caso, repito, 5%. Não há nenhum sentido nesses dois artigos
resultarem em uma ou duas emendas - não estou bem lembrado agora. Penso que não
podemos manter no texto da lei essa situação que é absolutamente esdrúxula.
Então, é neste
sentido o meu encaminhamento. Fico grato pela atenção dos Srs. Vereadores.
Espero que se possa, quem sabe, esclarecer melhor com alguma outra autoridade
no assunto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann se inscreve e cede seu
tempo para o Ver. Airto Ferronato, que está com a palavra para discutir o PLE
nº 51/95 - Veto Parcial.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, eu agradeço ao Ver. Lauro Hagemann pela inscrição, pois estou aqui
exatamente atendendo ao chamado do Ver. João Verle.
O que se
pretendia à época da apresentação da Emenda aos artigos 7º e 8º - e até
concordo com V. Exa. que teve uma redação delicada - implicava no sentido de
que, quando o Poder Executivo abrir crédito suplementar lá no Executivo, por
excesso da arrecadação, que a Câmara, automaticamente, tenha à sua disposição
esses créditos. Isso na nossa visão é alguma coisa bastante simples e
extremamente necessária. Tenho acompanhado as posições do Ver. José Valdir, que
tem criticado enormemente as posições da Mesa no Orçamento Participativo, na
Câmara, etc e tal. A Câmara, com recursos que tem, tem uma dificuldade enorme
de administração, até porque são poucos, e o Ver. Clovis, nosso grande
Secretário, sabe disso. Ocorre que há um excesso de arrecadação no Executivo.
Se a parte que cabe à Câmara não vem para a Câmara, isto dificulta a
administração.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Nobre Ver. Airto Ferronato, eu entendi o Ver. João Verle. A Câmara não
tem usado o direito que tem, que é de suplementar as suas próprias verbas na
forma de que o Orçamento é que pode ser suplementado em até 5%. Nunca foi usado
pela Câmara. Nós só temos que acompanhar o Diário Oficial do Município e, à medida
que o Diário Oficial traz o decreto de suplementação de verbas, a Mesa da
Câmara fará suplementações de verbas, a Mesa da Câmara fará suplementações
idênticas até 5% das nossas verbas.
O SR. AIRTO FERRONATO: É exatamente o que nós
estamos falando aqui. Eu, no ano passado, com todo o respeito, tive um
relacionamento com o Exmo. Sr. Prefeito Municipal de primeira grandeza. Nunca o
Sr. Prefeito Municipal deixou de trazer algo para nós que lá se buscava quando
legítimo. Sempre nos atendeu, só que - está lembrado o Ver. Clovis -, se nós
pedíamos verba de 5 mil reais, funcionários de primeiro, segundo, terceiro,
quarto, quinto escalão ficavam 60 dias fazendo contas para ver se exatamente o
pedido era 10 ou nove reais. A partir do momento em que essas verbas são
liberadas no Executivo, é necessário que a Câmara tenha um instrumento de abrir
imediatamente isto aqui e não necessitar do decreto do Executivo. Uma norma,
uma lei aprovada por nós vale muito mais do que um decreto.
O Sr. João Verle: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Eu gostaria de dizer a V. Exa. o seguinte: a Câmara tem direito dos 5%
do global do Orçamento limitados aos 4% da receita corrente que ela pode
gastar. Pode, em qualquer momento, usar este direito, mas ela não pode prescindir
do decreto, porque a Lei 4320 deixa bem claro; não existe lei municipal que
possa contrariar a lei 4320 neste ponto.
O SR. AIRTO FERRONATO: Eu digo o seguinte: como,
Ver. João Verle, como, Ver. João Dib, o Prefeito, por decreto, diz “passa 50
reais para a Câmara” e isso vale? Se a Câmara apresenta uma lei dizendo “aprova
50 reais” tem menos força? Não é possível. Nós entendemos que essa relação tem
que mudar. Não estou dizendo que o Executivo tem que mudar. Estou dizendo que o
País inteiro está andando errado quando o Legislativo precisa do decreto do
Executivo para fazer aquilo que a lei já diz. O decreto não é necessário, é uma
peça qualquer. A lei já diz que 5% são nossos; não precisamos depender do
Executivo.
O Sr. João Verle: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) V. Exa. tem razão. Dentro desse limite, deveria, quem sabe, o Poder
Legislativo, o Congresso Nacional, Câmara e Senado, mais a Assembléia
Legislativa e todas as Câmaras de Vereadores fazerem, através de um decreto
legislativo, quem sabe, essa suplementação. Mas hoje não é assim. Não podemos
mudar uma legislação federal no Município. Teríamos que trabalhar em outra
esfera. É nesse sentido que essas Emendas são inconstitucionais.
O SR. AIRTO FERRONATO: Eu discordo mais uma vez. O
Ver. João Verle se apega à Lei 4320, de 1964. Na minha visão, a Constituição de
88 já mudou isso. Digo que o País inteiro segue a posição do Ver. João Verle.
Acho que Porto Alegre tem que tentar mostrar para o País que, se a verba é da
Câmara, não podemos pedi-la ao Executivo. Eu solicitei quatro mil reais e o
Prefeito manda dois.
O Sr. João Dib: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Ferronato, é um problema que deve ser examinado pela
Comissão de Justiça e talvez até com o auxílio da Comissão de Finanças, porque
o Poder Legislativo usa o Projeto de Resolução para fazer aquilo que o
Executivo usa o Projeto de Lei para atingir o mesmo objetivo. Há um decreto
legislativo, mas não tem sido usado, e acho que pode ser usado para fazer a
suplementação, mas é por isso que acho que a Comissão de Justiça deveria
examinar essa matéria, para que o poder pudesse ser usado em toda sua
plenitude.
O Sr. João Verle: Eu gostaria de adendar à colocação do Ver.
João Dib uma consulta ao Tribunal de Contas. Eu quero alertar a Câmara que se o
fizer por entendimento político, técnico é que é possível, contrariando a 4320,
porque ela estaria superada, como diz o Ver. Ferronato, e eu não concordo.
Penso que o Tribunal de Contas teria que se manifestar. Porque, se for mantida
essa disposição, tenho certeza de que o Ver. Isaac Ainhorn não vai correr o
risco de prejudicar a sua gestão fazendo suplementação contra a lei federal. O
mais prudente seria mantermos esse Veto, e vamos fazer essa discussão, essa
consulta ao Tribunal de Contas. Se for permitido, passaremos a atuar
diferentemente.
O SR. AIRTO FERRONATO: Não tenho absolutamente
nada contra isso. Essa discussão não a fizemos no ano passado porque não havia
esse tipo de proposta no orçamento anterior. A Câmara aprova a lei: 5%;
precisamos do Prefeito Municipal para, num papel, tirar a verba 3132, dez
reais, colocar a verba 3110, que é “serviço”. A Câmara, em termos legislativos
- nós podemos pensar nesses termos -, é a palavra maior.
Quero, também,
falar a respeito da parte relativamente ao outro artigo vetado da Emenda da
Vera. Clênia.
O Sr. Wilton Araújo: V. Exa. me permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Tenho a mesma idéia que V. Exa. Não é
possível nos mantermos sempre a pedir de prato na mão, como foi feito no ano
passado, e não foi culpa de ninguém, porque não havia previsão orçamentária
para tanto - quatro mil reais. A Câmara tem que ter autonomia para as
transposições de verba e para a arrecadação para suplementação.
O SR. AIRTO FERRONATO: O que a Câmara não tem, não
pode e não deve é aumentar os seus recursos. Dentro dos seus recursos, temos
que ter poder de administração. Se não, não é possível que um Poder Legislativo
não tenha poder para transferir verba de orçamento, que não é sequer dinheiro.
E, para
concluir, com relação à Emenda da Vera. Clênia Maranhão, entendo que créditos
adicionais são abertos a partir do momento em que o Orçamento está
definitivamente aprovado. Enquanto o Orçamento não estiver definitivamente
aprovado, não é crédito adicional; é uma Emenda que, se aprovada, cria, no
Orçamento, aquele serviço. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra
para discutir o PLE nº 51/95 - Veto Parcial.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, quero ratificar o meu entendimento de que esta Casa está cometendo
um erro ao votar os dois vetos que iram se suceder neste momento. Entendo que
esta Casa não poderia ter recebido a matéria e tinha que devolvê-la ao
Executivo. Quero deixar este registro como minha contribuição para futuras
tramitações desse tipo de projeto.
Em segundo
ligar, quero registrar que, se a argumentação do Ver. João Verle constasse dos
autos, se tivesse sido essa a argumentação do Sr. Prefeito Municipal, eu seria
o primeiro a atacá-la. Aliás, já disse isso ao Ver. Verle na semana passada.
Ocorre que o que o Prefeito aponta, tão e unicamente, é a inconstitucionalidade
e inorganicidade. E é sobre isso que temos que decidir, e sobre isso decido
contrariamente ao Veto. Se o Prefeito tivesse a competência, na sua assessoria,
do Ver. Verle - talvez ele esteja fazendo falta na assessoria ao Prefeito, como
antigo Secretário da Fazenda - certamente a Casa estaria obrigada a receber o
Veto ao Projeto. Mas o que disse o Prefeito não tem nada a ver com o que disse
o Ver. João Verle, e o que vamos votar é o que assina o Prefeito. Portanto,
contra o Veto. Especificamente, contra o Veto da chamada Emenda, exatamente
porque não existe. Então, não posso aprová-la e nem vou discutir o mérito.
Em relação aos
artigos 7º e 8º, na mesma linha do Ver. Airto Ferronato, do Ver. João Dib, do
Ver. Wilton Araújo e na linha histórica - quero deixar bem gizado - de quem,
nesta Casa, foi um dos Vereadores que defendeu a imediata adoção do espírito da
Constituição de 88 e passamos a exigir os 17 votos para a derrubada dos Vetos,
e não mais os dois terços. Mudamos, de imediato, o quórum para a derrubada dos
vetos; aplicamos, de imediato, e era também um momento contraditório; entendiam
os juristas que a legislação não podia ser auto-aplicável, mas esta Casa tomou
essa iniciativa, na definição da sua autonomia, e vigorou, e jamais foi
contestada, nem pelo Prefeito, nem por nenhum cidadão desta Cidade. Entendo que
a discussão é oportuna. Não sei se tem razão o Ver. Verle, que conhece a
matéria, não sei se tem razão o Ver. Ferronato, que conhece a matéria. Eu não a
conheço, mas penso que é oportuno, politicamente, já que não a domino
tecnicamente, como os dois Vereadores citados, penso ser oportuno, em nome da
autonomia do Legislativo Municipal, que se crie uma situação de fato. Derrubado
o Veto, aprovadas, portanto, as Emendas relativas aos artigos 7º e 8º, a
legislação será homologada pelo Presidente da Casa. Caberá ao Prefeito
Municipal a contestação jurídica, e caberá ao Judiciário uma decisão. Isso não
impedirá, como disse o Ver. Dib a título de sugestão, que a Comissão de Justiça
e a CEFOR, juntas, num trabalho, façam uma consulta ao Tribunal de Contas,
façam as análises formais respectivas e até definam, se for o caso, uma
iniciativa do Legislativo, que poderá ser paralela à iniciativa do Executivo.
O que eu acho
que não se pode aceitar - e não é uma questão de agora, é em qualquer momento -
é que essas situações que se criam de fato e que se repetem, talvez por
preguiça legislativa, por preguiça executiva, perdurem nas relações entre o
Executivo e Legislativo. Acho que há uma ponta de razão, de lógica na colocação
do Ver. Ferronato. É evidente, como diz o Ver. Verle, que a lei maior, que é a
lei federal, vige sobre a lei municipal. Mas, em compensação, o Ver. Ferronato
lembra que a Constituição de 88 é maior do que qualquer outra lei federal a ela
anterior, no caso, a lei de 64. Nesse sentido, me parece que criar um fato concreto
que obrigue a um pronunciamento do Judiciário é interessante a ambas as partes.
Não é contestar o Prefeito, não é uma contenda pessoal, mas é uma disputa
saudável, porque vão se definir os espaços, os parâmetros de cada um dos
Poderes mediante a intervenção de um terceiro poder.
Portanto, de
qualquer forma, sou pela derrubada de ambos os Vetos. Digo de ambos já que há
um requerimento da Vera. Clênia Maranhão pedindo destaque, obrigando a duas
votações. Votarei pela derrubada de ambos os Vetos, como votei, aliás, em
relação ao parecer do Ver. Luiz Braz, que me parece extremamente ponderado e
oportuno, na Comissão de Finanças, a qual também integro. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Verle está com a palavra, em
tempo cedido pelo Ver. José Valdir, para discutir o PLE nº 51/95 - Veto
Parcial.
O SR. JOÃO VERLE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, volto para
não insistir em apartes e para não ficar um exposição entrecortada do orador
nesta tribuna.
Não questiono
se a Câmara deve ou não ter o poder de suplementar as suas próprias dotações.
Estou colocando que a legislação, hoje, não permite, nem a 4320 nem a
Constituição Federal. Se o Ver. Airto Ferronato me mostrar o artigo, o capítulo
da Constituição Federal que pode levar a esse entendimento, até podemos
discutir. Agora, fazer uma provocação ao Poder Judiciário! Entendo que a Câmara
deveria tomar a decisão e suplementar por decreto legislativo, ou outra forma,
e aí alguém questionar. Penso que é um risco para uma Mesa, para um Presidente.
Acredito muito mais na possibilidade de fazer uma consulta, não ao Judiciário,
mas ao Tribunal de Contas, que é o órgão encarregado de auxiliar o Legislativo
nessa fiscalização dos atos do Executivo e de si próprio. Isso poderíamos
fazer.
Também quero
fazer um comentário sobre o art. 7º e a letra fria da lei. Entendi,
perfeitamente, a intenção do autor - até sou solidário com ela -, mas a redação
está prejudicada, porque “fica o Legislativo autorizado a suplementar em suas
dotações até 4% do excesso da arrecadação que for registrado pelo Executivo.”
Esta Casa tem autorização, pela LDO, também pelo presente Orçamento do qual
estamos apreciando o Veto, de gastar até 4% da receita corrente. A arrecadação
do Município é receita de capital. O Município está agora gestionando uma série
de empréstimos internacionais, inclusive alguns dos quais certamente serão
incorporados à receita. Evidentemente, neste caso, não pode a Câmara gastar 4%
desse valor porque a LDO e o próprio Orçamento estabelecem que é 4% da receita
corrente. Então, tem uma imprecisão nesse artigo que é importante a gente ter
presente na hora de votar. É possível - como a oposição tem maioria nesta Casa
e ultimamente as votações têm sido permeadas pela situação-oposição, o que é
compreensível - que esse Veto seja derrubado. Agora, que resultado ele vai
produzir? Nenhum, porque eu aposto que a Mesa, o Sr. Presidente, jamais
cometeria a temeridade de suplementar, por decreto legislativo ou qualquer
outra forma, contrariando a legislação federal, que é bem clara. Tenho a
convicção de que é perfeitamente possível suplementar os 5% dentro do limite de
4% da receita corrente, numa solicitação pura e simples ao Executivo. E se
houver alguma resistência justificada, existe o mecanismo da denúncia ou da
manifestação de contrariedade desta Casa, que os meios de comunicação têm a
maior boa vontade de divulgar porque estariam colocando uma crítica à
Administração Municipal, o que eles infelizmente não têm podido fazer muito,
mas gostariam de fazer.
Nesse sentido,
acho que não há como rejeitarmos este Veto, porque ele está perfeitamente
embaçado na legislação federal pertinente. Podemos, sim, fazer esse movimento
de consulta às duas Comissões, de Justiça e de Finanças e Orçamento, e essas
Comissões também se socorreriam do auxílio do Tribunal de Contas e de qualquer
outra autoridade que fosse considerada importante consultar Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Wilton Araújo está
com a palavra para discutir o PLE nº 51/95 - Veto Parcial.
O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, vejo com tristeza o Veto do Sr. Prefeito à Emenda, nos artigos 7º e
8º. Vem o Legislativo, desde a aprovação da Constituição de 88, lutando por
suas prerrogativas. Paulatinamente, pouco a pouco, vem assumindo tudo aquilo
que a Constituição de 88 disse, só que, na prática, há um bloqueio por parte
dos Executivos, e não é só aqui em Porto Alegre, acredito que em outras cidades
também, uma tentativa de não deixar cumprir a Constituição de 88. E vejo com
tristeza, até porque um partido que se denomina popular e quer, a nível
nacional, resguardar as conquistas da Constituição de 88, tem dificuldades de
fazê-la cumprir nos seus objetivos maiores, que é a independência dos Poderes,
dando aos Legislativos a sua independência tão almejada. E ela diz que há
independência no Orçamento do Legislativo. Agora, como fazer a independência do
Orçamento, se, por exemplo, Ver. Verle, que não tão atentamente, mas sei que me
ouve, embora não me olhe... Como fazer cumprir se, no ano passado, para comprar
qualquer coisa, até nos míseros quatro mil pedidos do ano passado - citado pelo
ex-Presidente, Ver. Airto Ferronato - do Movimento Negro da Cidade de Porto
Alegre, tiveram que ir ao Executivo para esse fazer um papel - como diz o Ver.
Airto Ferronato - e mandar de volta quatro mil reais, de uma destinação justa.
Mas passou pelo crivo do Executivo? Até haver a independência e a harmonia,
sim, mas não a avaliação por parte do Executivo daquilo o que o Legislativo
precisa e tem que fazer.
O Sr. Airto Ferronato: V. Exa. me permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Na época tínhamos, não dinheiro, apenas papel
escrito assim: 3100 - 530 mil reais era autorização de gastos para comprar material
de consumo e 200 reais para serviços de terceiros e outras doações. Fomos
obrigados a pedir ao Prefeito quatro mil, exatamente para tirar de uma rubrica
e colocar em outra. Zero de dinheiro, apenas um papel.
O SR. WILTON ARAÚJO: É lamentável. Agora, o fato
é que o Executivo, de altas aspirações democráticas, certamente como sua
bancada nesta Casa, na prática duvido, Ver. Gregol, porque na prática ele veta
as Emendas que podem dar independência orçamentária para o Legislativo. Então,
é, na teoria, democrático, quando no poder, na prática, não ficou tão
democrático assim. Mas tenho certeza eu de que sua bancada nesta Casa vai
refletir bem.
Não vejo
preocupações, Ver. Verle; a lei federal que impeça, que deixe inconstitucional,
porque esse é o argumento das razões do Veto. Não creio nisso. Acho que seria o
momento oportuno, necessário, para que a Casa, derrubando o Veto, pudesse, aí
sim, sofrer uma ação por parte do Executivo, pedindo inconstitucionalidade.
Vamos ver nos argumentos da Justiça, ao invés de pedir, primeiro, um parecer da
Comissão de Justiça, um parecer da Comissão de Finanças e Orçamento, e depois
as duas pedirem um parecer do Tribunal de Contas. Quem sabe, nós abreviamos
esta corrida, esse tempo de pareceres, derrubando o Veto? E o Executivo,
questionando na Justiça a constitucionalidade do artigo aprovado por esta Casa,
vamos saber se é ou não inconstitucional, se é ou não contra a lei federal.
Duvido que seja. Há assentada nesta Casa a consciência, na Comissão de Finanças
e Orçamento, que não é inconstitucional e tampouco transgride a lei federal.
Mas, Sr.
Presidente, este é o momento adequado, um momento de ouro para a Casa. Não se
veria a Mesa exposta, como disse V. Exa., a um arrepio momentâneo da lei, mas
teremos a decisão judicial, e a partir dela aplicaríamos o que foi aprovado
nessas duas Emendas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Paulo Brum está com a palavra e cede
seu tempo ao Ver. Luiz Braz para discutir o PLE nº 51/95 - Veto Parcial.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, muito
embora o parecer do Ver. Reginaldo Pujol tinha sido aprovado por este Plenário
de forma lamentável, mas acredito que esta Casa não pode, de forma alguma,
votar essa matéria, consubstanciando uma atitude errônea do Sr. Prefeito
Municipal, que errou na forma de apresentar o Veto a esta Casa, e por isso, não
podemos derrubá-lo porque estaríamos cometendo um crime contra esta
instituição, porque ele vetou o processo que tramitou nesta Câmara Municipal.
Ele vetou uma Emenda que tramitava nesta Casa e, como ele vetou errado, por
causa do erro do voto, pelo erro apresentado pelo Executivo, na nossa opinião,
o que ele fez foi sancionar aquele artigo, e, como sancionou, ele invalidou a
iniciativa da Vera. Clênia Maranhão, porque sabemos muito bem que as
iniciativas deste Poder, mesmo quando nós, aqui, não podemos ter a iniciativa,
se houver a sanção do Prefeito, estará invalidada a atitude do legislador.
Somos
favoráveis a que este Poder possa se mostrar como Poder e derrubar o Veto
aposto à Emenda nº 04, uma das barbaridades ocorridas nesta Casa, que é
vetar-se uma Emenda.
Outro veto
apresentado pelo Sr. Prefeito Municipal nesse processo é um veto contra o Poder
Legislativo. Contra o Poder Legislativo, exatamente por ser um veto contra a
Câmara Municipal. Esse não é um veto simples. Ele veta o poder que temos de
legislar dentro do nosso Orçamento. Nós aprovamos aqui, de acordo com
entendimentos com o próprio Executivo, de que era possível esta Câmara
Municipal ter como recursos 4% do Orçamento. Ora, se temos 4% de receitas do
Município como recursos para esta Câmara Municipal, é óbvio que abriríamos mão
do nosso poder se simplesmente disséssemos que, em relação ao excesso de
arrecadação, nós vamos ficar na dependência do Sr. Prefeito Municipal se ele
quer dar ou não para nós o excesso da arrecadação. Ora, é de toda a receita do
Município que esta Casa tem 4%; se é de toda a receita, é claro que o excesso
de arrecadação, Ver. João Dib, faz parte desse total de receita. E os 4% é
claro que têm que refletir sobre esse excesso de arrecadação.
Saúdo a volta
do Ver. João Dib a esta Casa, principalmente quando estamos votando uma matéria
que vamos precisar, como sempre precisamos, da competência de V. Exa., como
saúdo também a presença do Ver. Pereira de Souza que, com o seu brilhantismo,
tenho certeza que vai enriquecer, e muito, os debates aqui nesta Casa.
Mas o que
discutia com o Ver. Dib é o que nós podemos fazer dentro desses 4% a que nós
temos direito. É exatamente autorizar a abrir, até o limite de 5% do total da
despesa, créditos suplementares, que isso só pode ser feito através de decreto.
O resto só pode ser feito através de lei. Então, na verdade, o que o Prefeito
veta? Ele veta as condições de este Poder estar atuando nas suas funções de
legislar e fiscalizar o Poder Executivo, que é a nossa função, a função do
Legislativo. Ele veta exatamente essa nossa possibilidade, e aqueles Vereadores
que votarem a favor do Veto estarão votando contra este Poder, contra esta Casa.
Eu acho que isso deve ficar consciente para todos aqueles que daqui a pouco
votarão esta matéria. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
discutir o PLE 51/95 – Veto Parcial.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, enquanto o
Prefeito da Cidade tiver um Rogério Favretto para decidir a parte jurídica do
seu relacionamento com a Câmara Municipal, ele cometerá as gafes, os erros, de
vetar as emendas. Emenda não pode ser vetada, de forma nenhuma, porque ela
passou a integrar o Projeto de Lei do qual ela foi parte. Então, não há que
vetar a Emenda. Não há que aceitar o Veto do Prefeito à Emenda.
Eu quero
cumprimentar, e não sei quem foi que propôs as redações dos artigos 7º e 8º,
pela idéia, porque a redação não faz jus àquilo que pretendemos aqui de
independência e harmonia entre os Poderes. O art. 7º diz: “Deve ser autorizado
o Legislativo a suplementar em suas dotações até 4%.” A lei que autorizou o
Orçamento diz - e aí que cometemos um erro, deveríamos incluir o Legislativo
também: “abrir, durante o exercício, créditos suplementares, como segue, até o
limite de 5% do total da despesa autorizada.” Isso deveria ser permitido para a
Câmara. Eu acho que o Veto deve ser aceito, porque a redação não é boa, mas
imediatamente a CEFOR e a CCJ devem convocar esta Casa, o Secretário da
Fazenda, o Secretário do Planejamento e convidar o Tribunal de Contas, porque
eu não tenho dúvida nenhuma que podemos por decreto legislativo, suplementar as
nossas verbas até 5%, na forma como foi concedido ao Executivo, pois somos dois
Poderes independentes, mas harmônicos, e não haverá harmonia e nem
independência se não podemos fazer a suplementação das verbas, desde que haja
excesso de arrecadação. Agora, não há de ser da forma como aqui está escrito no
art. 7º: “... a suplementação de suas dotações até 4%.” O que na verdade temos
é 4% do Orçamento e podemos suplementar 5%, que seria na ordem de 0,2% do
Orçamento para que suplementássemos as nossas verbas.
Eu acho que o
autor das duas Emendas agiu com bastante inteligência, mas provavelmente,
devido à pressa com que se faz o debate e as modificações da legislação que
entra nesta Casa, não saiu uma redação boa. Eu acho que a idéia deve ser
mantida e a Comissão de Justiça e a Comissão de Finanças devem, o mais rápido
possível, acionar o Tribunal de Contas e a Secretaria do Município. Eu sou
favorável à derrubada do Veto parcial à Emenda, mas apoio o Veto aos artigos 7º
e 8º, desde que a Casa faça imediatamente um trabalho com a Comissão de
Finanças e a Comissão de Justiça para que a Casa possa fazer o decreto
legislativo, já que não há nada impedindo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra
para discutir o PLE nº 51/95. Desiste.
O SR. JOÃO VERLE (Questão de Ordem): É só para eu entender. Foi
feito um destaque: nós teríamos que votar agora o Veto e depois o destaque?
O SR. PRESIDENTE: A Assessoria informa que nós vamos votar o
Projeto em duas partes. Em primeiro lugar, a Emenda nº 04, depois, os artigos
7º e 8º.
O SR. JOÃO VERLE: Então, nós não vamos misturar as duas
discussões porque, agora, eu quero encaminhar o destaque. Nós discutimos tudo,
menos o destaque.
O SR. PRESIDENTE: A Assessoria informa que o destaque foi
aprovado pelo Plenário. Então, agora, a Vera. Clênia Maranhão está inscrita
para encaminhar o destaque à Emenda nº 04 ao PLE nº 51/95 - Veto Parcial.
O SR. JOÃO VERLE: Eu também me inscrevo.
O SR. PRESIDENTE: V. Exa. também está inscrito. A Vera. Clênia
Maranhão está com a palavra para encaminhar o destaque à Emenda nº 04 ao PLE nº
51/95 - Veto Parcial.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, a Emenda nº 04, em discussão, é a que define os dez mil reais na
atividade de proteção e defesa do consumidor. As razões do Veto apresentadas
foram de inconstitucionalidade e de que essa questão não era de competência do
Município. Já colocamos na discussão anterior as legislações que comprovam a
responsabilidade dos municípios nas atividades de defesa do consumidor; aliás,
tivemos várias oportunidades de discutir, nesta Casa, leis garantidas pela
mobilização das entidades de defesa do consumidor que garantem a atribuição em
nível federal, estadual e no nosso Município.
A questão que
está em discussão, neste momento, é do direito que tínhamos de definir essa
questão. Quero apenas lembrar que se realmente Porto Alegre, através do seu
Executivo Municipal, tivesse cumprido a Lei Orgânica do Município e a Lei de
Diretrizes Orçamentárias, que prevê, entre as prioridades, a defesa do
consumidor, evidentemente teria previsto a atividade e, portanto, essa polêmica
não precisaria ter se estabelecido. Quero explicar que criamos a atividade com
valor tão pequeno, porque o sistema municipal de defesa do consumidor é
auto-sustentável. Os recursos serviriam apenas para instalar o sistema, tendo
em vista que nós já aprovamos nesta Casa o Sistema Municipal de Defesa do
Consumidor e a lei que cria o Fundo de Defesa do Consumidor, o que permite que a
arrecadação vinda das multas fique no Município, o que permitirá a manutenção
do próprio sistema.
Acho que
rejeitarmos o Veto força a instalação do nosso sistema de defesa do consumidor
de Porto Alegre - está comprovado - e vai garantir o início das atividades de
criação do sistema do Conselho e do Fundo de Defesa do Consumidor. O argumento
de que essa atividade não existia, isso é um problema anterior. Na medida em
que a Lei Orgânica do Município prevê isso, isso deveria estar no documento que
veio para a Casa para apreciação. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Verle está com a palavra para
encaminhar o destaque à Emenda nº 04 ao PLE nº 51/95 - Veto Parcial.
O SR. JOÃO VERLE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, aprendi,
nesta Casa, que o que se vota no veto não são as razões do Prefeito, mas sim o
projeto, de novo, ou parte do projeto, que o Prefeito contestou. Eu nunca
votei, aqui, justificativa de projeto, e nem justificativa de veto. Eu sempre
votei projeto, ou veto a projeto, votando, de novo, o projeto. Isso eu aprendi.
Se alguém contar história diferente, eu ficarei contente ou triste, dependendo
da versão que eu possa ter no momento.
O art. 77 da
nossa Lei Orgânica, parágrafo 2º, diz que o veto parcial deverá abranger o
texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. Foi votada uma
emenda e não podia; essa emenda não produziu nenhum artigo, nenhum parágrafo,
nenhuma alínea. Eu devo concluir que ela é “inventável”, como diria o Magri,
porque ela jogou para um anexo uma dotação para um serviço que não existe. Se o
Executivo, com o assessor mais competente que tenha, tivesse feito um veto a
uma parte de uma tabela, eu aposto o soldo do meu mandato todo que haveria
vários Vereadores aqui desancando a lei - Rogério Favretto, ou não sei quem -,
de que não podia vetar parte de uma tabela. Então não é possível vetar? É
possível cumprir o que está determinado por esta Emenda que vai fazer parte de
uma tabela anexa ao texto? Digo claramente que não, porque basta ler o art. 33
da Lei nº 4320. Perdoem-me os colegas se cito a legislação pertinente, mas é
com esse tipo de serviço que trabalhei a vida toda. Trabalhei durante trinta
anos de Tribunal de Contas no cargo de Fiscal, mais quinze anos no cargo de Professor
de Finanças Públicas. O que vou fazer? Não vou falar de Fernando Pessoa ou do
Bocage, vou é falar da Lei nº 4320, art. 15, que diz o seguinte: “não se
admitirão emendas ao Projeto de Lei do Orçamento que visem a - letra “c”:
“conceder dotação para instalação ou funcionamento do serviço que não esteja
anteriormente criado”. Há, no Município, um serviço criado para proteção ao
consumidor? Não. Logo, podemos fazer no Orçamento uma emenda estimando dotação
para um serviço que não existe? Não. Então, o que é que o Executivo poderia
fazer? Pura e simplesmente vetar seja lá o que for.
Não entro na
discussão se é atribuição do Município, ou se é importante, porque todos nós
sabemos que é. Isso é uma coisa que deve ficar bem clara, porque estamos aqui
cumprindo a lei. Queremos a autonomia do Legislativo, queremos fazer o melhor
para a Cidade. A população elege um governo para fazer ou executar um programa,
e aí vem uma Câmara de maioria oposicionista e faz outro programa. Como
ficamos? A Câmara tem atribuições, mas a lei estabeleceu alguns limites para
que não haja a quebra da harmonia dos Poderes. Eles são independentes? Sim. São
autônomos? Sim. Mas devem ser harmônicos. Então, aqui, na discussão, a
Vereadora propõe a criação do Serviço de Proteção ao Consumidor e, se esta Casa
aprova, o Executivo manifesta-se; se ele não concordar, ele veta. Se esta Casa
derrubar, estará criado o serviço. Se o Veto for mantido, não tem serviço.
Logo, não existe no Município um Serviço de Proteção ao Consumidor. Então, para
que iremos jogar o dinheiro lá? Para fazer demagogia? Para dizer que destinou
recursos para um serviço que não existe e depois criticar o Governo porque não
executou nem implementou um serviço que não existe? Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
encaminhar o destaque à Emenda nº 04 ao PLE nº 51/95 - Veto Parcial.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, de acordo
com o Ver. Verle, o Prefeito Municipal foi eleito pela maioria do Povo de Porto
Alegre para fazer um determinado programa e esta Câmara se opõe a esse programa
e quer criar outro. Mas o Ver. João Verle se esquece que ele também foi eleito
para esta Câmara e que os Vereadores que aqui estão também têm a
representatividade para discutir o programa do Sr. Prefeito Municipal, que
vivemos numa democracia e que bastaria, Ver. João Verle, que o Sr. Prefeito
Municipal, ao invés de fazer a besteira legislativa que fez, consubstanciasse a
Emenda da Vera. Clênia Maranhão.
Ora, a Vera. Clênia
Maranhão está destinando recursos para um serviço que ainda não foi criado;
então, ele poderia simplesmente criar o serviço e pronto. Em primeiro lugar,
vetou o que não era para ser vetado quando ele vetou a Emenda. O que aconteceu?
Ele vetou, absolutamente, nada, porque a Emenda faz parte do processo desta
Casa. Então, quando ele vetou a Emenda, como ele não vetou nada, o que
significa isso, Ver. Dilamar Machado? Ele sancionou; ele, simplesmente,
consubstanciou a vontade da Vera. Clênia Maranhão e desta Casa. Porque, se ele
quisesse vetar... Ora, é claro o modo que se tem para vetar! O Ver. João Verle
abriu a Lei Orgânica do Município e não conseguiu encontrar ali uma forma de
colocar o veto. Agora, digo a V. Exa.: não é da forma que o Prefeito fez. Não é
desta forma. Não é vetando o expediente que tramita aqui nesta Casa. Ele
poderia, sim, dizer: “Veto no anexo o reflexo ou texto que foi passado pela
Emenda nº 04”. Se ele quisesse vetar, ele teria que vetar aquele texto que foi
repassado para o anexo, e não vetar a Emenda. Não adianta V. Exa editar
cátreda, dizendo que é professor de mil coisas - como V. Exa. elencou da
tribuna - porque temos, na verdade, uma legislação a ser cumprida, e esse
arcabouço legislativo, ele foi montado há muito tempo e não é, na verdade, o
Sr. Prefeito Municipal que vai cumprir quando quer: “Agora eu vou cumprir a
lei; agora eu não vou cumprir mais a lei”.
Eu acho que o
que deve ser feito é exatamente, Vereador - V. Exa. que fala muito em
cumprimento da lei; eu acho muito saudável - , é exatamente nós aqui, na Câmara
Municipal, derrubarmos o Veto do Sr. Prefeito Municipal. Aliás, na minha
opinião, não deveríamos nem estar votando esse Veto, porque ele não existe.
Ora, se este Veto não existe e nós estamos votando algo que não existe, pelo
menos nós temos que ter a decência e a dignidade de assumir esse poder e
derrubarmos este monstro que está tentando ser criado através deste Veto
inexistente aposto pelo Sr. Prefeito Municipal. Só cabe isso a esta Casa. Se
esta Casa agir de maneira diferente, se esta Casa simplesmente agir aceitando
este Veto, nós estaremos nos curvando ao Poder Executivo. Nós estaremos abrindo
mão do nosso poder para simplesmente dizermos “amém” ao Sr. Prefeito Municipal.
É claro que isso sempre é feito pela bancada governista aqui nesta Casa. Até
não os critico por isso. Eu acho que realmente a bancada governista anda a
cabresto do Sr. Prefeito Municipal. Mas acho que temos que ter consciência,
consciência suficiente para saber que estamos aqui defendendo o Poder
Legislativo. É o nosso poder de legislar. Nós não podemos abrir mão para que o
Prefeito Municipal invente um veto e tente vetar exatamente o direito de
trabalharmos na Casa.
De repente,
Ver. Jocelin Azambuja, o Sr. Prefeito Municipal vai começar a ver as nossas
emendas que ele não gosta e vai vetar aqui mesmo. Ele não precisa obedecer a
mais nada. As regras legislativas caem por terra quando nós nos deparamos com o
grande Poder Executivo Municipal. E aqueles Vereadores que queiram se curvar a
esse Poder, realmente devem votar com esse Veto. Agora, aqueles Vereadores que
gostam do Poder Legislativo e querem que a democracia possa permanecer... Acho
que temos que defender o Poder Legislativo agora, derrubando exatamente este
Veto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
encaminhar o destaque à Emenda nº 04 ao PLE nº 51/95 - Veto Parcial.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nada com
Bocage, nada com Fernando Pessoa, nada com o “Eu gênio”, e nada menos com os
“Rogérios Favrettos” da Administração Municipal.
Não é possível
que esta Casa seja submetida a um veto que não tem nem pés, nem cabeça. Eu
nunca vi ninguém vetar uma emenda. Sábado, fiz 25 anos de Câmara Municipal. A
Emenda, depois de votada neste Plenário, passou a constituir parte integrante
do Projeto de Lei que teve redação final aprovada e foi levada ao Prefeito. A
Lei Orgânica diz que ele não pode vetar parcialmente um artigo ou um parágrafo.
Não pode pinçar uma determinada palavra, ou expressão do artigo ou do
parágrafo. Não sei se os “gênios” e os “Favrettos” da municipalidade não teriam
visto que não podiam vetar, que deveria ser mantido. Ninguém está criando nada.
Será que o Executivo Municipal não se preocupa com a proteção do consumidor.
Ninguém está criando Conselho de Proteção ao Consumidor; está dizendo que o
consumidor deve ser protegido. Mas, no momento em que os “Favrettos”, aqueles
que gastam o dinheiro do Montepio contratando caminhonetes para propaganda eleitoral
na eleição do Montepio, no momento em que os “Favrettos” fazem o Prefeito Tarso
Fernando Genro assinar um documento desses, esta Casa, que não tem “gênios -
portanto, não diz “Eu gênio” - não tem gênios, mas tem pessoas sérias simples.
Como diria o Ver. José Valdir: é tão difícil construir o simples, que ninguém
mudou o “parabéns a você”.
Não tem o que
analisar nesta proposta do Prefeito de vetar a Emenda. Isso não existe. A
Emenda deixou de existir no momento em que ela foi parte integrante de um Projeto
de Lei, que será ,ou não sancionado. Acho que o Prefeito deve procurar um
melhor assessor jurídico e depois encaminhar a esta Casa vetos mais tranqüilos,
claros, precisos e mais limpos, porque esse é um veto muito mal apresentado.
Ainda que digam que não se devesse nem examinar o tal veto, acho que devemos
derrubá-lo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra
para encaminhar o destaque à Emenda nº 04 ao PLE nº 51/95 - Veto Parcial.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu não pretendia retornar a qualquer encaminhamento desse processo.
Já havia, inclusive, antecipado o meu voto em relação ao destaque, mas quero
repetir aqui, porque não sei se o Ver. Verle não ouviu ou teima em bater na
mesma tecla, tentando, talvez, confundir o Plenário na sua função de Vereador
do Governo.
Evidente que
nós vamos discutir e vamos votar a Emenda, mas também é evidente que as
Comissões examinam o embasamento do Veto e se o Vereador tem dúvida se a Emenda
seria “invetável”, talvez a gente pudesse pressupor, Ver. Verle, que a Emenda
fosse “invotável”, mas isto V. Exa. teria que ter levantado antes. Teria havido
uma falha da Casa, desde a Assessoria Jurídica até a Comissão de Justiça, originalmente.
Teria havido uma falha dos 33 Vereadores, inclusive, da Bancada do Governo, que
não teriam visto que a Emenda era “invotável”, para usar o neologismo dentro da
perspectiva de V. Exa. Quem sabe, lá teria também havido uma falha - mais uma,
da assessoria do Prefeito, que não deveria ter aceito, teria devolvido, não
vetado, teria devolvido ao Legislativo, porque não podia aceitar! Agora, o que
nós temos de fato, no processo legislativo, deixando de lado a questão de que,
bem ou mal, de fato não existe o Veto, a não ser que aquelas passagens que
estão explicitadas na Lei Orgânica... E lembraria ao Ver. Verle: V. Exa. estava
na Casa como eu. A Lei Orgânica de 90 mudou a redação da Lei Orgânica anterior
exatamente para reduzir o poder de veto do Executivo. Então, eu responderia a
V. Exa.: quem sabe lá o espírito sutil da lei não é exatamente pressupor que é,
sim, “invetável” esse tipo de emenda? É o mínimo de iniciativa que teria este
Legislativo.
O que nós temos
que discutir é que o motivo do Prefeito, de inconstitucionalidade e de
inorganicidade, inexiste. Provavelmente, Ver. Verle, V. Exa. tem absoluta razão
na sua colocação, do mérito da sua colocação. Agora, lastimavelmente, não
estudaram com V. Exa. Eu repito o que disse antes, com todo o respeito: talvez
V. Exa. esteja fazendo falta no Governo para orientar melhor a Assessoria
Jurídica. Agora, o que vamos discutir aqui é que o que foi alegado pelo
Prefeito inexiste, em primeiro lugar, porque não pode vetar emenda e, em
segundo lugar, não teria como alegar inconstitucionalidade ou inorganicidade.
Poderia vetar com base até em ilegalidade porque contrariaria uma outra
legislação ou até ser contrário aos interesses públicos. Não foram os motivos
alegados e, portanto, não tem como subsistir o Veto do Sr. Prefeito.
Derrubando o
Veto, vamos, quem sabe, inverter o ônus. Este Legislativo toma a iniciativa de
questionar juridicamente o Executivo, e aí teremos condições de verificar, de
novo, a base de quem tem a razão formal, sem nenhum problema. Para essas
questões que se tem dúvidas existe o chamado Terceiro Poder para decidir. É bom
que se faça esse tipo de discussão formal em uma questão menor do ponto de
vista de valor e de conseqüência, porque isso nos permite limpar o terreno da
discussão inconstitucional e legal, inclusive nessa perspectiva da vigência ou
não da Lei nº 4320 posterior à Constituição de 88.
Portanto,
ratifico a posição contrária ao Veto, embora reconhecendo que o Ver. João
Verle, na sua exposição, tenha absoluta razão no que foi aqui colocado, mas
infelizmente o Prefeito não ouviu, ou a sua assessoria não aprendeu com o Ver.
João Verle. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Em votação a Emenda nº 04,
destacada.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, V. Exa. deve
ter notado que, pela primeira vez nesta Casa, estamos votando um veto a uma
emenda.
O SR. PRESIDENTE: Esta Presidência, em respeito e consideração
ao Vereador, sugere que apresente uma Declaração de Voto nesse sentido, posto
que a matéria já é vencida em razão de Parecer da Comissão de Constituição e
Justiça, votado nesta Casa.
O Sr. 1º
Secretário está com a palavra para proceder à chamada nominal dos Srs.
Vereadores.
Em votação a
Emenda nº 04 ao PLE nº 51/95 - Veto Parcial. (Após a chamada.) APROVADA a Emenda nº 04 ao PLE nº 51/95
por 19 votos SIM e 11 votos NÃO, considerando-se rejeitado o Veto
Parcial a ela aposto.
Em votação os
artigos 7º e 8º do PLE nº 51/95 - Veto Parcial. (Após a chamada.) APROVADOS os artigos 7º e 8º do PLE nº
51/95 por 17 votos SIM e 13 votos NÃO, considerando-se rejeitado o Veto
Parcial a eles aposto.
A Mesa lê a
Declaração de Voto firmada pelo Ver. Luiz Braz e demais Vereadores da Bancada
do PTB. (Lê.)
“Somos
contrários ao Veto por causa do absurdo cometido pelo Executivo ao vetar uma
Emenda e por ter sido votado, pela primeira vez, um Veto a uma Emenda.”
Queremos responder à Questão de Ordem formulada pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, no início da Sessão, quando noticiou que, no seu gabinete, e evidentemente nos demais, foram distribuídos, entre outros processos que tramitavam na Pauta, o de nº 494/96, que institui crédito educativo na Universidade de Porto Alegre e dá outras providências, do Ver. Reginaldo Pujol, e um de igual teor de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, do qual o próprio Ver. Antonio Hohlfeldt foi relator. A Mesa esclarece que o processo do Ver. Reginaldo Pujol ingressou no protocolo este ano e o do Ver. Nereu D’Ávila achava-se arquivado e foi desarquivado em data posterior à data do ingresso do novo projeto. Em função disso, o projeto do Ver. Nereu D’Ávila correrá como substitutivo ao projeto do Ver. Reginaldo Pujol, apenso aos autos, portanto.
O SR. NEREU D’ÁVILA (Requerimento): Requeiro a oitiva da
Procuradoria. Não que eu discorde de que o nosso projeto seja substitutivo, mas
é para firmar uma jurisprudência na Casa, eis que abriremos um precedente. Um
projeto que tramita há mais de dois anos, como é o caso do nosso, vem sendo
estudado ano a ano, e amadurecido, de repente vira um substitutivo de um
projeto que, inclusive, este Vereador desconhece. Com todo o respeito ao Ver.
Reginaldo Pujol, não conheço o projeto dele. Gostaria de uma interpretação mais
ampla da matéria, para que ficasse como uma diretriz para todos nós.
O SR. PRESIDENTE: Informamos a V. Exa., com o respeito que
merecem seus pronunciamentos, que, a exemplo dos requerimentos, que têm uma
natureza verbal e escrita, também os pareceres, muitas vezes, têm natureza
verbal e escrita. Informamos a V. Exa. que sobre a matéria, verbalmente, já se
pronunciou a Procuradoria, na linha formulada pela Presidência da Mesa.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Acho que o Presidente não
captou exatamente o meu requerimento. Não é sobre isso, porque, segundo consta,
foi apenas um dia que este Vereador desativou o processo, um dia após o
Vereador ter entrado. Eu nem sabia, foi por acaso. O que eu quero é a dirimência dessa questão da
anterioridade sobre os processos adentrados “a posteriori”.
O SR. PRESIDENTE: Com base nesta questão, levando a Questão de
Ordem formulada pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, esta Presidência ouviu verbalmente
a Diretoria Legislativa da Casa e a Procuradoria, sendo que esta se manifestou
na linha de orientação determinada por esta Presidência. No entanto, queremos
informar a V. Exa. que esta Presidência vai tomar o cuidado de solicitar que
essa manifestação da Procuradoria seja consubstanciada por um texto escrito, a
fim de que essa jurisprudência fique documentada dentro de um processo.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
NOMINAL
PROC. 2136/95 - VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 055/95, que estima a Receita e fixa
a Despesa da Fundação de Educação Social e Comunitária - FESC, para exercício
econômico-financeiro de 1996.
- da CEFOR. Relator Ver. Luiz Braz: pela rejeição do Veto Parcial.
Obs.:
- para
a aprovação, maioria absoluta de votos favoráveis dos membros da CMPA - art.
77, § 4º, da LOM;
- votação nominal - art.
174, II, do Regimento da CMPA;
- adiada a discussão por
duas Sessões.
Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM - aprova o Projeto, rejeita o Veto;
NÃO - rejeita o Projeto, aprova o Veto.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 55/95 - Veto Parcial.
Com a palavra, o Ver. José Valdir para discutir.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu me inscrevi em tempo de discussão até para ter mais tempo de
explicar o que de fato acontece com essa Emenda vetada pelo Dr. Prefeito, que
foi apresentada pela Vera. Clênia Maranhão, que transfere 162 mil dos serviços
de terceiros e passa para subvenções na FESC, para permitir o quê? Permitir que
uma antiga reivindicação que não estava sendo atendida no Orçamento apresentado
à Casa, uma reivindicação do Fórum de Entidades da Criança e do Adolescente,
fosse atendida, ou seja, que ao invés de garantir a assinatura de 24
extraclasses, como está previsto no Orçamento, fossem garantidos 40 convênios
extraclasses com entidades não governamentais, como era o desejo do Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Ocorre que o
objetivo que a Vera. Clênia Maranhão pretendia em parte já foi atendido e em
parte está prejudicado, porque o que se pretendia, e era reivindicação do
Conselho Municipal da Criança, era garantir desde o início do ano a assinatura
de 40 convênios extraclasses. Convênios extraclasses são atendimentos
sócio-educativos e meio abertos, o que é previsto no Estatuto, os quais são
feitos no turno inverso da escola; convênio feito com entidades não
governamentais: creches, associações e entidades que já trabalham com criança e
adolescente, e esse recurso varia, como vêem, para qualificar e ampliar o
atendimento.
O objetivo da
Vera. Clênia Maranhão, em parte, não está atendido porque não foram assinados
os 40 extraclasses, e em parte será contemplado porque desde janeiro se sentou
com as entidades não governamentais - inclusive eu, como Presidente da FESC,
participei das negociações - e fez-se uma negociação para garantir que até
meados do ano ocorresse essa ampliação, garantindo os 40 extraclasses. Então,
estabeleceu-se o calendário que estabelecia oito dos 24, mais oito convênios em
março, mais dois em abril, mais seis em maio, portanto, em maio, completando os
40, que eram o objetivo que a Vereadora pretendia com a Emenda.
Portanto, para
mim é simples. Não vou nem entrar nas questões formais da Emenda, que também
têm relações com a discussão anterior. Parece que aqui temos que fazer uma
discussão diferente. O objetivo que a Vereadora pretendia já foi atendido em
parte pela negociação. E, obviamente, numa negociação, nenhuma das partes consegue
atingir tudo o que pretendia, mas nessa se chegou a um entendimento. E o fato
dessa Casa ter aprovado essa Emenda foi importante porque foi um dado político
que pressionou no sentido de que essas negociações fossem levadas a bom termo.
Portanto, a eficácia da Emenda da Vereadora se fez sentir na medida em que foi
um elemento de pressão para que houvesse essa negociação por parte do
Executivo.
Não há mais
necessidade de se manter essa Emenda que vai trazer alguns problemas para a
FESC, porque, tirado o serviço de terceiros, para a FESC, que lida com abrigos,
albergues, onde temos a questão de pessoal, de vigilantes, carros locados, que
são fundamentais para fazer a ronda social, isso é problemático. É muito mais
fácil manter o Orçamento tal qual foi apresentado na Câmara e, se houver
necessidade, para garantir este acordo que já foi feito com as entidades não
governamentais. O Prefeito suplementa o Orçamento naquela parte que faltaria,
as subvenções sociais.
Peço a esta
Casa que faça uma avaliação dessa Emenda do ponto de vista da sua eficácia e do
objetivo a que ela se propunha que, em parte, já foi atingido, não havendo
necessidade de manter a Emenda. Portanto, que esta Casa acate o Veto. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos lembrar aos Srs. Vereadores das duas
Sessões Solenes que se realizarão no dia de amanhã e da importância da presença
dos Senhores: a das 15 horas destina-se à entrega do Prêmio Maurício Sirotsky
Sobrinho aos vencedores do concurso de reportagem escrita e fotográfica, e a
das 17 horas comemora o aniversário da nossa Cidade.
A Vera. Clênia
Maranhão está com a palavra para discutir o PLE nº 55/95 - Veto Parcial.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, tentei evitar vir a esta tribuna para discutir a questão do
extraclasse, a atribuição da FESC, porque já tivemos muitas oportunidades de
polemizar sobre estas questões da área da assistência, envolvendo diretamente a
FESC. Conversando, porém, com entidades ligadas aos direitos das crianças e dos
adolescentes, estou convencida da importância dessa Emenda.
Eu queria
apenas recuperar que a Plenária Temática de Assistência Social, dentre as
prioridades, fixou como de maior relevância a atividade extraclasse, a área
especializada nessa questão. Isso iria abranger 40 entidades no exercício de
1996. De acordo com a justificativa apresentada pela FESC, na tabela do
programa de trabalho, o programa de atendimento de crianças de 07 a 12 anos, em
turno inverso ao da escola, o que nós, normalmente, chamamos de extraclasse,
abrangerá, em 1996, 40 núcleos de atendimento a 960 crianças. Ainda, segundo
informações prestadas por representantes daquela Fundação, somente 318 mil
reais do Orçamento de 334 mil reais, a título de subvenção social, serão destinados
ao extraclasse. Considerando que no presente exercício o auxílio mensal
prestado a cada entidade é de um real, faz-se necessário o acréscimo de
recursos na dotação na ordem de 162 mil reais, que viabilizará o atendimento às
40 entidades, no mínimo, nos mesmos níveis de 1995, isso para atender uma
solicitação da Plenária de Assistência Social e segundo a própria informação,
considerada pela FESC.
Surpreendentemente,
o Executivo veta essa Emenda e alega, nas razões do Veto, que a Emenda que
garante o atendimento extraclasse é contrário ao interesse público, já que,
reduzindo a verba destinada ao pagamento de serviços de terceiros, tais como
limpeza e vigilância, as atividades gerais da Fundação sofreriam prejuízos
irreparáveis. Diz, ainda, que os recursos necessários para a atividade
extraclasse serão repassados pela Administração Direta, sem qualquer
necessidade de comprometimento do Orçamento da FESC. Entretanto, de acordo com
a matéria publicada no Diário Oficial de Porto Alegre em 31 de janeiro de 1996,
a estimativa de recursos que serão aplicados este ano para o programa
extraclasse está em torno de 564 mil, o que significa que é cerca de 7% do
Orçamento geral da FESC. Ora, com o Veto desta Emenda, o Orçamento da FESC,
apenas 318 mil serão destinados ao extraclasse. Há, portanto, uma controvérsia
nessas informações. Para a FESC, o serviço de terceiros, limpeza e vigilância
não podem ser considerados mais importantes do que as atividades extraclasse,
apresentadas pelos setores de atendimento da criança como questão fundamental
na garantia dos direitos infantis. Então, não podemos concordar com a
proposição de que a garantia dos recursos próprios da FESC para o atendimento
da criança, sem prejuízo de qualquer outro projeto, possa ser contrária ao
interesse público.
Por último, eu
queria esclarecer ao Plenário que a retirada dos 162 mil reais da área de
vigilância e atividades gerais para essa atividade, enfim, considerada
fundamental, não vai viabilizar esses serviços, tendo em vista que o que está
previsto para esta área são 572 mil e 270 reais. Tirando 172 mil reais, sobram
ainda 410 mil e 270 reais. Portanto, na nossa avaliação, são recursos
necessários, que serão ainda mantidos nesta área. É uma questão de prioridade
da área de assistência. Eu acho que a questão do atendimento extraclasse dessas
40 entidades não pode ser colocada em segundo plano tendo em vista a
necessidade objetiva do atendimento dessas crianças que ficam sem atendimento
nas ruas ou em situação de abandono nesse horário. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão, em votação o PLE nº
55/95 - Veto Parcial. (Pausa.) (Após a chamada.) REJEITADO o PLE nº 55/95 - Veto Parcial por 13 votos SIM, 04 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO,
considerando-se mantido o Veto Parcial a ele aposto.
O SR. GUILHERME BARBOSA (Requerimento): Sr. Presidente, solicito
que, na seqüência dos nossos trabalhos, nós votássemos os Requerimentos
apresentados à Mesa.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Guilherme
Barbosa. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Sobre a mesa,
Requerimento de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, solicitando seja renovada a
votação do PLE nº 08/96.
Em votação o
Requerimento.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Eu havia apresentado, em
Sessões anteriores, uma Questão de Ordem preliminar, que era o fato de a Casa
ter enviado a Redação Final deste Projeto de Lei antecipando-se ao prazo legal,
regimental e orgânico que permitia a um Vereador requerer a renovação de
votação do presente Projeto. Não tive nenhuma manifestação da Mesa até agora.
O SR. PRESIDENTE: Esta Questão de Ordem formulada para a Mesa
não foi na presença deste Vereador, que é o Presidente da Casa. Estamos tomando
conhecimento desta questão agora e informamos a V. Exa que, tendo em vista a
Redação Final na Comissão de Constituição e Justiça, e em face da urgência das
solicitações manifestadas, esta Presidência remeteu, por um ofício, o Projeto
de Lei com a Redação Final ao Executivo Municipal, e assume a responsabilidade
por este ato.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): O texto da lei foi
publicado no Diário do Município, na sexta-feira, que era o prazo formal da
apresentação de requerimento.
O SR. PRESIDENTE: Essa situação fez com que este Presidente
assumisse pessoalmente a responsabilidade com relação ao encaminhamento da
Redação Final ao Executivo. Por essa razão, nós encaminhamos e, evidentemente,
no desdobrar da renovação de votação como também do próprio Projeto, a lei
poderá ter conseqüência até da sua nulidade, caso venha a ser rejeitado, após
aprovada a renovação de votação. Se, por ventura, vier a ser apreciado e votado
contrário, evidentemente que a lei será declarada nula.
O SR. ELÓI GUIMARÃES (Questão de Ordem): A matéria é definitiva. Uma
vez que a lei é publicada, só outra lei é capaz de alterar o que está disposto
em seu texto. Parece-me que essa renovação de votação é inócua e sem sentido
nenhum.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa recebe a sua colaboração e entende que
é uma argumentação fundamentada – inclusive, há diferentes modos de ver essa
matéria - e reconhece a densidade do argumento manifestado por V. Exa.
O Ver. Antonio
Hohlfeldt está com a palavra para encaminhar o Requerimento solicitando
renovação de votação do PLE nº 08/96.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, quando apresentei o requerimento de renovação de votação do
presente Projeto, deixei bem claro aqui que o fazia porque tinha dúvidas quanto
às alegações do partido do Governo de que a votação precisava ser realizada com
urgência, como de fato foi, diante de um prazo que deveria ser cumprido para
apresentação de documentos e, num primeiro momento, foi dito que era para a
assinatura de convênio. Isso ocorreu na quarta-feira - os Srs. Vereadores
lembram -, em torno das 19 horas, naquela Sessão. Posterior mente, levantada
essa questão, na sexta-feira pela manhã, quando apresentei o requerimento, já a
bancada situacionista se corrigia e dizia que não era bem para a assinatura,
mas para a apresentação dos documentos. O Ver. Guilherme Barbosa, inclusive,
com humildade e seriedade, disse que havia recebido uma informação incorreta e
que dependia de prazo para apresentação de documentos. Eu dizia à bancada de
situação que, se houvesse uma comprovação desse prazo, eu seria o primeiro a
pedir a retirada do requerimento. É uma questão de seriedade. Uma coisa é fazer
oposição, fiscalização; outra é ser contrário à Cidade de Porto Alegre.
Posteriormente,
adiada a decisão da matéria, que agora enfrentamos, foi distribuída pela
Bancada do PT uma relação de documentos - Exposição de Motivos, cópias de
ofícios e uma série de coisas - em que destaco o ofício do DMAE dirigido à
Caixa Econômica Federal, no qual consta o recebimento da documentação de fato
no dia 15 de março. Em nenhum momento, no entanto, atendeu a bancada da
situação ao que havíamos pedido. Tudo o que foi enviado era um papel sem
timbre, sem assinatura, sem nada e que todos os senhores receberam cópias, em
que se alega uma data, que tem tanta validade como pegar um papel ali detrás,
no escaninho, trazer, datilografar, xerocar e trazer para cá. Não retirei o
requerimento, porque, na verdade, continuamos, pura e simplesmente, presos à
palavra dos Vereadores do Governo. Nenhuma prova, nenhum documento, ainda que,
em abono da situação, de fato o documento tenha sido entregue no dia 15 de
março e a lei tenha sido publicada, atropelando prazos legais, no dia 15 de
março.
Gostaria de
chamar a atenção dos Srs. Vereadores para o seguinte: é que, ao contrário de
boa parte dos serviços públicos federais, o DMAE vem corrigindo mês a mês o
custo da tarifa de água e esgoto fornecidos à Cidade, dentro do cálculo de GPM
da Fundação Getúlio Vargas. O DMAE faz publicar no Diário Oficial as correções,
e estão, exatamente, semelhantes ao GPM, e teve, portanto, um acúmulo até agora
de 7,69, considerando julho de 1995/fevereiro de 1996 - GPM 7,68, mas é uma
questão de acertos mínimos de cálculos matemáticos. Chamo a atenção porque
acabou não se discutindo, de fato, as condições de empréstimo, e que, naquele
dia, e deveríamos fazer isso, o atropelamento da votação levou a Casa a aprovar
um projeto sem de fato ter pleno conhecimento das cláusulas e das condições.
Chamarei a atenção dos Srs. Vereadores de que, nos 20 anos previstos do
pagamento, nós recebemos um milhão e poucos reais, pagaremos três milhões e 400
reais, praticamente 157% de juros, se mantidas as taxas de correção, porque as
cláusulas do bloco 7 são cláusulas absolutamente draconianas, de parte da Caixa
Econômica Federal. Ali reza: em qualquer momento e ao alvitre da Caixa, poderão
ser modificadas as taxas de administração, sem que caiba a outra parte - no
caso, o Município de Porto Alegre, o DMAE - qualquer possibilidade de
discussão. Essas coisas nós passamos por cima, nós aprovamos, e fica agora à
decisão deste Plenário uma retomada dessa discussão ou não.
De minha parte,
faço aquilo que acho que era obrigatório a mim, como Vereador, fazer: chamar a
atenção dos Vereadores e dizer que se atropelou um processo e que estamos
gerando uma dívida que não temos idéia de qual seja e que, sobretudo, se
cometeu um ato de tão impensada rapidez, que estamos discutindo uma coisa que,
em última análise, já está publicada. Mas que fique pelo menos o registro nos
Anais da Casa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra
para encaminhar o Requerimento que solicita renovação de votação do PLE nº
08/96.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
refazendo um pouco a história do processo na Casa.
Depois de longa
discussão e negociação com a Caixa Econômica Federal, o Executivo Municipal
recebeu autorização do estabelecimento bancário - Caixa Federal - para
encaminhar o processo e já, nessa folha que o Ver. Antonio diz que não tem
timbre, é apenas a reprodução do texto da Exposição de Motivos do Sr. Prefeito,
que já dizia no encaminhamento: o cronograma do “Pró-Sanear” prevê a entrada
das autorizações legislativas para contrair empréstimos, assim como os
respectivos projetos executivos até o dia 15 de março, com vista à assinatura
do contrato e imediata liberação dos recursos disponíveis do programa.
Portanto, já na
Exposição de Motivos do Sr. Prefeito, estava colocada essa data limite. Não se
tratou de uma pressão, um abafamento da nossa bancada com relação a este
processo. Isso já estava no encaminhamento do Sr. Prefeito. Posteriormente,
fica comprovado, pela entrega do Diretor Geral de toda a documentação na Caixa
Econômica Federal exatamente no dia 15 de março de 1996, comprovando aquilo que
se estava dizendo. O Diretor não iria se apressar para entregar nesse dia, se
não fosse necessário fazer essa entrega. Portanto, tudo mostra esse
encaminhamento. Buscamos a comprovação definitiva que esse era o prazo limite,
Ver. Antonio Hohlfeldt, mas não conseguimos, porque essa decisão do Conselho
Estadual que gerencia os recursos do “Pró-Sanear”, mas a ata da reunião que
definiu o dia 15 de março não foi ainda aprovada, votada, porque não aconteceu
uma outra reunião do Conselho Estadual. De alguma forma, se dirigia ao Dep.
Mendes Ribeiro, ou o agora Dep. Telmo Kirst, que preside neste momento o
Conselho Estadual, para fazer essa comprovação. Eles não quiseram fazer cópia
da ata,porque a ata não está aprovada ainda, mas nós buscamos isso.
De qualquer
forma, a Exposição de Motivos do Sr. Prefeito, a entrega do Diretor Geral no
dia em que definimos comprova toda a seriedade que tivemos nesse
encaminhamento. Mas é importante ainda lembrar que, se houve algum atropelo ao
nosso Regimento, não foi um problema causado pela Bancada do PT. Houve um
Vereador desta Casa que pediu visitas. Se isso não houvesse acontecido, todos
os prazos teriam sido cumpridos. Quem pediu urgência não foi a Bancada do PT,
foi o Ver. João Dib, que é nosso principal opositor nesta Casa.
Com relação ao
mérito, posso fazer uma conta simples: que, executadas essas obras nas vilas
relacionadas, sem considerar, inclusive, a obra de água, que é a mais barata de
todas porque dá rendimento maior, o que o DMAE arrecadará mês a mês será
superior ao que o DMAE pagará mês a mês, mesmo sendo numa região carente da
Cidade, mesmo nós tendo a parte social da nossa tarifa. Mesmo assim, o que o
DMAE desembolsará mês a mês no pagamento desse financiamento será inferior ao
que o DMAE conseguirá arrecadar com a tarifa de esgoto nessas áreas. Portanto,
mesmo financeiramente, é um projeto de qualidade que será superavitário para o
DMAE. Todas as situações ficam claras em todos os momentos.
Eu relembro da
observação feita pelo Ver. Elói Guimarães, advogado e que conhece bem o
Regimento da Casa: que a lei está publicada; para modificar a lei, só outra
lei. Na verdade, o pedido de renovação fica ocioso. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrados os encaminhamentos, em votação a
renovação de votação do PLE nº 08/96. (Após a chamada.) REJEITADO o Requerimento do Ver. Antonio Hohlfeldt por 05 votos SIM e 18 votos NÃO, com Declaração de Voto dos Vereadores Elói Guimarães e Milton
Zuanazzi. (Lê.)
“A renovação de votação é materialmente impossível, face à publicação da lei.”
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Requerimento): Sr. Presidente, queria requerer a cópia de todo o processo, bem como as anotações taquigráficas da Sessão anterior, onde levantei a Questão de Ordem, e da Sessão de hoje, quando retirei a Questão de Ordem, e dos encaminhamentos dados para decidir o que farei a partir de agora.
O SR PRESIDENTE: Esta Presidência defere o pedido do Ver.
Antonio Hohlfeldt.
Em votação o
Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo, no sentido de que seja convocado
o Sr. Secretário Municipal dos Transportes, Sr. Luís Carlos Bertoto, para
prestar esclarecimentos sobre os constantes engarrafamentos de trânsito na
Cidade de Porto Alegre. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Informamos a V. Exas. que, em face da aprovação da convocação do Sr. Secretário Municipal dos Transportes a esta Casa, fica prejudicada a solicitação, formulada pelo Ver. Décio Schauren, de convite ao Sr. Secretário Carlos Bertoto, permanecendo apenas o convite ao Reitor da PUC, Norberto Rauch, que já é parte do Requerimento em relação ao problema do trânsito e estacionamento na Av. Ipiranga.
O SR. DÉCIO SCHAUREN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, entendo que
o Requerimento que formulei trata de um assunto específico: um convite ao Sr.
Secretário e ao Reitor da PUC para tratar de uma questão específica que vem
sendo abordada pela imprensa. Entendo que a presença do próprio Reitor da PUC é
importante para resolver esse assunto. É diferente da convocação formulada
apenas ao Sr. Secretário dos Transportes, que responderá a questões gerais da
Cidade.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, queremos que V. Exa. considere o
seguinte: tão logo aprovada a convocação que ocorreu neste momento, até porque
este Vereador colocou em primeiro lugar aquele Requerimento porque, do ponto de
vista da entrada no Protocolo, aquele tinha prioridade, o Vereador tem um
prazo. Como se trata de convocação para prestar esclarecimentos sobre os
constantes engarrafamentos no trânsito da Cidade, em especial sobre a questão
do amarelo piscante, vamos aguardar o encaminhamento dos quesitos do Ver.
Wilton Araújo; se nos quesitos houver matéria sobre o problema de trânsito, ele
fica prejudicado Vereador.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, seguindo
estritamente o que determina o Regimento, este Vereador oficiou ao Presidente
da CUTHAB, Ver. Pedro Ruas, que entregou o ofício na semana passada - dele tem
cópia de recibo - pedindo que a CUTHAB convidasse - isso foi feito de comum
acordo com a SMT -, convidasse os técnicos da SMT, a Reitoria da PUC, DCE da
PUC, moradores do Jardim do Salso e ainda a SPM e SMOV para fazer um debate na
CUTHAB sobre a questão específica dos terminais junto à PUC, na Av. Ipiranga e,
conseqüentemente, obras de estacionamento, engarrafamento ali gerado e tudo
mais. Isso foi acertado com a SMT, encaminhado por este Vereador, porque o
Regimento diz que as questões específicas são tratadas nas questões específicas
e não no Plenário da Casa. O Ver. Pedro Ruas marcou previamente a data de 11 de
abril para a presença dessas autoridades nesta Casa.
O SR. JOÃO MOTTA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, confesso que
estou com dificuldades para definir uma posição sobre o assunto. Não sei qual é
o encaminhamento da Mesa, mas penso que, diante de mais essa informação do Ver.
Antonio Hohlfeldt, estou convencido de que o encaminhamento que a Mesa estava
dando era incorreto, porque o Ver. Décio Schauren não pode ficar prejudicado na
intenção clara desse requerimento que tem uma intenção em cima de uma suposta
mudança na complementação do outro requerimento que não foi aprovado. Penso
que, já que as duas iniciativas estão garantidas, não vejo outra saída para V.
Exa., até para haver igualdade de tratamento, para que as partes possam depois
definir como fazer, de votarmos o Requerimento do Ver. Décio Schauren e, a
partir daí, em iguais condições, as partes chegarem a um acordo em relação a
como proceder. Acho que seria desigualdade no tratamento não encaminhar à
votação o Requerimento do Ver. Décio Schauren, em cima de uma suposta inclusão,
nos quesitos do Requerimento aprovado do Ver. Wilton Araújo, do assunto
específico da PUC, que é o objeto do Requerimento específico do Ver. Décio
Schauren.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa a V. Exa., primeiramente, que
já foi votado o Requerimento do Ver. Wilton Araújo, convocando o Secretário
Municipal dos Transportes a comparecer em Plenário para tratar do
engarrafamento de trânsito na Cidade de Porto Alegre, matéria genérica, em
especial a questão do amarelo piscante. Isso é um assunto aprovado, deferido.
Segundo assunto: em face desse Requerimento, este Vereador entendeu de declarar
prejudicado, sem ter conhecimento do Requerimento do Ver. Antonio Hohlfeldt, da
CUTHAB, com relação ao assunto específico da PUC. Com mais razão, neste
momento, sente-se esta Presidência amparada para declarar prejudicado o
Requerimento do Ver. Décio Schauren. Se tinha uma razão para declarar
prejudicado, que era uma convocação e a necessidade de aguardar os quesitos na
matéria geral do Ver. Wilton Araújo, já há um convite ao Secretário Municipal
dos Transportes, bem como ao Reitor da PUC, Norberto Rauch, para comparecer
aqui a fim de tratar em específico, na CUTHAB, do tema “estacionamento da PUC”.
Essa é a definição por parte da Presidência da Casa.
O SR. JOÃO MOTTA: Desejo uma Questão de Ordem.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, a Mesa não vai polemizar sobre a
deliberação já assumida. Se é sobre o tema, não vai dar a palavra a V. Exa, com
todo o respeito que V. Exa. merece desta Presidência, bem como pelo conjunto
dos demais Vereadores. (Apartes paralelos.) Vereador, a Mesa já definiu a sua
posição em relação às moções que envolvem a questão do trânsito. Se há alguma
irresignação, que faça recurso da deliberação da Mesa. A Mesa vai lhe conceder
uma Questão de Ordem novamente, em atenção a V. Exa., para não se alegar que
esteja se fazendo qualquer ato de exceção por parte da Mesa na condução dos
trabalhos, mas mais uma vez reitera que não vai polemizar com os Srs.
Vereadores, até porque esta Presidência tem de conduzir com serenidade os
trabalhos.
O SR. JOÃO MOTTA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, gostaria de
saber precisamente qual é a base em que V. Exa. declarou inepto regimentalmente
o Requerimento do Ver. Décio Schauren. Foi por questão de prazo? Para este
Vereador, não está claro. E, para poder recusar, eu preciso dessa informação.
V. Exa. é advogado e sabe disso.
O SR. PRESIDENTE: Vamos lhe esclarecer mais uma vez. O
Requerimento de convocação do Sr. Secretário Municipal dos Transportes, no
protocolo desta Casa, precedeu o Requerimento apresentado pelo Ver. Décio
Schauren. De outra parte, ainda não tinha declarado e prejudicialidade plena do
Requerimento, tendo em vista que há necessidade de se aguardarem os quesitos a
serem formulados pelo Vereador requerente, se caso essa matéria não vier a ser
tratada, e declarou prejudicado parcialmente. No entanto, recebeu uma
comunicação, através de uma Questão de Ordem do Ver. Antonio Hohlfeldt, no
sentido de que, por iniciativa sua, a Comissão de Urbanização, Transportes e
Habitação desta Casa convidou para comparecer na CUTHAB o Sr. Secretário
Municipal de Transportes, seus assessores, e o Reitor Norberto Rauch para tratar
do assunto de estacionamento da PUC. Há duas iniciativas que completam e que
prejudicam o Requerimento do Ver. Décio Schauren. A de Plenário, ainda não
estava prejudicada, porque fica condicionada aos quesitos do Ver. Wilton
Araújo.
O SR. AIRTO FERRONATO (Questão de Ordem): Significa dizer então que a Câmara está
aprovando que as mesmas autoridades compareçam à Casa por duas vezes?
O SR. PRESIDENTE: Não. A do Plenário é uma convocação genérica,
para tratar de assuntos de trânsito e do amarelo piscante. A segunda é um
convite da CUTHAB, por iniciativa do Ver. Antonio Hohlfeldt, para o
comparecimento do Secretário, da sua assessoria e do Reitor da PUC, para tratar
do estacionamento da PUC. Essas são as duas questões. Uma tem caráter genérico
e outra específico; uma é convocação e a outra é convite.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro uma
revisão na votação do Requerimento que V. Exa. considerou aprovado, mas
informalmente. Queremos votação nominal.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa defere o pedido de V. Exa. Convidamos
o Ver. Mário Fraga para colher os votos na verificação de votação do
Requerimento do Ver. Wilton Araújo no sentido de que seja convocado o
Secretário Municipal de Transportes para comparecer a esta Casa a fim de prestar
esclarecimento sobre os constantes congestionamentos no trânsito da Cidade de
Porto Alegre e, em especial, a questão do amarelo piscante.
Em verificação
de votação o Requerimento nº 59/96, de autoria do Ver. Wilton Araújo. (Após a
chamada.) APROVADO o Requerimento
por 11 votos SIM, 10 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO, considerando-se prejudicado o Requerimento nº 62/96, de
autoria do Ver. Décio Schauren.
Há uma dúvida
de que se somaria o voto da abstenção a um “não’, que daria 11 a 11. Este
Vereador desempata e vota “sim”, pela convocação do Sr. Secretário Municipal
dos Transportes.
Estão
encerrados os trabalhos.
(Encerra-se
a Sessão às 18h23min.)
* * * * *